EM NOME DO AMOR

jornal eletrônico
Leandro & Leonardo
LEONARDO

nº 124 – 15 outubro 2010
redação e produção: Vera Marchisiello
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vmllena@terra.com.br





Quem vê dona Carmem Divina Costa, a bonita senhora de 65 anos cheia de disposição e alegria à frente do leilão em prol da Casa de Apoio São Luiz, sempre sorridente recepcionando os abençoados participantes, pode até não acreditar que ela seja a mãe de uma das duplas mais famosas de toda a história da nossa música. Tanta é a simplicidade dessa senhora de 65 anos com um rosto tão bonito... Espere aí. Eu disse 65 anos? Poderia até dizer uns 63, não é? Mas na verdade ela está para completar 75 agora em 19 de outubro. Não, eu não estou mentindo. Como eu ia dizendo, seu rosto bonito deixa transparecer a doçura de um coração admirável que convive em harmonia com sua forte determinação. Para defini-la com uma só palavra, eu diria amor. No decorrer de mais um leilão, o 11º, ouvi um dos leiloeiros dizer que é feliz por dona Carmem saber quem é ele. Endosso esse seu sentimento porque bem o compreendo. Há 11 anos nos tornamos amigas, e até hoje muitas vezes me pergunto se é mesmo real esse nosso encontro. Tenho um orgulho enorme por saber que há reciprocidade nesse carinho imenso que sinto por ela.
Um leilão de efetivas 6 horas de trabalho e lá estava a família Costa em peso. Leonardo chegou um pouco antes do início, perto das 21 horas de 29 de setembro. Cumprimentou os amigos e participantes e reencontrou sua família, já que até a véspera havia estado em São Paulo, por conta de dois shows num mesmo dia. Acredite: no dia 28 às 8 horas da manhã, ele cantou para os funcionários e convidados do Shopping Interlagos e à noite participou da gravação do DVD comemorativo dos 40 anos de carreira de Chitãozinho & Xororó.
Antes do início dos trabalhos, o leiloeiro Catatau o abordou para uma conversinha ao microfone. Como é gostoso ver um Leonardo sempre brincalhão mas hoje alguém amadurecido conjugando muito bem o verbo ajudar, com grande sensibilidade agradecendo a todos os participantes, sejam os que fazem doações de gado ou objetos para serem leiloados, sejam aqueles que dão lances altos e muitas vezes compram e doam novamente para assim aumentar cada vez mais as doações e consequentemente a arrecadação do leilão.
“Catatau, esta é a 11ª edição de uma parceria muito gostosa, muito sadia com o Brasil inteiro através do Canal do Boi, do Agro Canal e do Novo Canal. A gente está aí sempre com vocês, e eu quero agradecer a todos que participam, nossos parceiros e a vocês que saíram lá de Campo Grande, não mediram esforços, são mais de 1200 quilômetros, e trouxeram o estúdio móvel. (...) A gente fica muito feliz por saber que ainda existe gente como vocês, que quer ajudar aquelas pessoas que precisam. Agradeço aos agropecuaristas e a todos que têm doado, têm comprado, têm nos ajudado a manter a Casa de Apoio São Luiz, que infelizmente está sempre lotada de enfermos, tendo como presidente a minha mãe, a minha velhinha de 75 anos trabalhando bastante. Eu quero agradecer muito a todos vocês. (...)”
Pouco depois, chamado à bancada do leilão, Leonardo brincou muito ao perceber que o violão autografado que havia doado estava desafinado. Tentou afinar, não ouvia bem porque o som ambiente era bastante alto, passou o violão para que seu segurança Alex tentasse afinar, acabou por pegá-lo como estava e mal se acompanhando cantou “Esse alguém sou eu”. Cantava e ria, gritava, enfim divertia a todos. Isso é ser um grande artista, solto, espontâneo por ser seguro de si, de sua voz, de sua arte.
Com uma equipe de dezenas de pessoas trabalhando, Leonardo mesmo muito assediado tentando participar, todos da família Costa circulando entre as mesas e alguns também dando lances, o 11º Leilão entrou pela madrugada e chegou ao final depois das 3 horas da quinta-feira com palavras ditadas pelo coração dos dois experientes leiloeiros que desde o primeiro leilão têm estado à frente desses eventos em prol da Casa de Apoio São Luiz.
“Eu queria agradecer
mais uma vez
essa oportunidade
que nós tivemos
de poder ajudar
pessoas que necessitam.
Isto nos dá
um prazer muito grande,
uma alegria imensa.
Dona Carmem,
muito obrigado por
a senhora nos oferecer
esta oportunidade.”
(Bráulio)
“Tenho certeza de que onde Leandro está neste momento ele está com o pensamento e com os olhos voltados para nós, sempre com o pensamento positivo pelo sucesso do nosso leilão. Nós superamos a arrecadação do ano passado, passamos dos 500 mil reais. Hoje pela manhã eu fiz uma pergunta à dona Carmem e vou repeti-la aqui: O que fez a senhora criar a Casa de Apoio São Luiz?” (Catatau)

“Eu estou fazendo o que Leandro queria fazer. Ele não pôde fazer, então eu abracei a causa e estou fazendo. Graças a Deus tenho amigos como vocês que me ajudam, porque eu sozinha não ia dar conta, pois uma andorinha sozinha não faz verão, você sabe disso. Graças a Deus vocês me ajudam e eu quero agradecer a cada um de vocês nesse momento, a quem doou, a quem comprou... Gente, Deus lhes pague. Agradeço a você, Catatau, que desde ontem está lutando, pedindo... Sou prova disso. Deus te pague muito, te dê muita vida e saúde por estar junto com a gente.” (Carmem Costa)

E o amigo Rubikinho acrescentou
fechando os trabalhos:
“Obrigado, dona Carmem,por nos dar essa
oportunidade de ajudar.”
O fato é que, por mais que possa parecer estranho, repito que esse leilão basicamente de gado foi emocionante. Não pela disputa em si mas pelo esforço conjunto de uma família, de seus amigos, de artistas que mesmo não tendo podido comparecer fizeram doações e compras e de brasileiros anônimos que até por telefone confirmaram doações. O Novo Canal ficou no ar por cerca de 7 horas com um único e rápido intervalo comercial. Isso tudo é o retrato da palavra fraternidade, que graças a Deus ainda se pode observar em nosso país e mundo afora. Mas por trás disso tudo percebo um poder mais forte, que parece despertar em todos não só vontade de ajudar mas o impulso para participar efetivamente dessa obra grandiosa. E para mim esse “poder” tem um nome: Leandro.

Sou católica e em momento algum de minha vida fui espiritualista. Tenho plena convicção da existência da Vida Eterna e portanto não posso acreditar em reencarnação, mas respeito inteiramente todas as opções religiosas, pois acho que o importante é que todas levem a Deus. Exatamente por crer na Vida Eterna é que não tenho a menor dúvida quanto à existência dos espíritos e do quanto eles nos acompanham. Para quem é fã de Leonardo e dele não duvida jamais fica impossível negar o quanto Leandro continua por perto do irmão. Quem não se lembra do relato de Leonardo após aquele terrível acidente em novembro de 2003? Jamais contestarei quem disser não acreditar, mas faço parte daqueles que acreditam piamente na proteção que Leo teve naquele momento que tinha tudo para ter um final ainda mais trágico. E não foi somente esse o relato que já ouvimos de Leonardo. Também de alguns fãs e até daqueles que preferem outros cantores ou gênero musical já ouvi relatos que me impressionaram bastante. Ora são pessoas que pedem ajuda a Leandro quando se encontram em momentos difíceis, ora são aquelas que afirmam que chegam a vê-lo. Um ponto em comum em todas as narrativas que já ouvi é que para todos nosso se apresentou saudável, ora bem vestido, ora todo de branco, mas sempre muito bem.

Acho que eu teria material suficiente para escrever algumas páginas caso fosse reproduzir aqui as narrativas que já ouvi e, quem sabe, até mesmo algumas experiências pessoais, mas prefiro continuar me referindo a Leandro como uma Luz que segue junto a Leonardo, e tornou sua família capacitada para levar adiante o projeto que ele não teve tempo para desenvolver enquanto ainda aqui na Terra. É com o texto baseado na Bíblia que diz que “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos” que defino Leonardo e toda essa linda família Costa, que merece todas as bênçãos por ter sabido transformar a própria dor, profunda, em trabalho para ajudar a salvar vidas.




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