EM NOME DO AMOR

jornal virtual
Leandro & Leonardo
LEONARDO

nº 130 – 15 abril 2011
redação e produção: Vera Marchisiello
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vmllena@terra.com.br






Aniversário da apresentadora Ana Maria Braga, um primeiro de abril que nada teve de “dia da mentira”. Pura verdade, Leonardo na TV depois de muitos meses em que o coração de fã só fazia sofrer de saudade. Um programa bonito, conduzido por Ivete Sangalo num telão, diretamente de Salvador, Leonardo e Daniel no estúdio ao lado da amiga aniversariante.
Carinho entre artistas que se curtem de verdade, descontração, alegria. Não poderia faltar o assunto “vovô Leonardo”. Seguindo sua norma de falar grandes verdades brincando e rindo, e mentir parecendo falar sério, Leo disse ainda não saber se seu filho Pedro, aquele garotinho que “outro dia” começou a cantar com o primo Thiago, vai ser papai de uma menina ou de um garotão. Como não sabe, Leo?! Maria Sophia chegará entre 01 e 09 de maio, já está com 43 cm e 2,400 kg e fazendo a alegria de todos, deixando o vovô na maior felicidade! Para orgulho de seu pai, Pedro Leonardo já demonstra o paizão que vai ser. Já está sendo! Coruja total!
Durante o programa, Ana Maria Braga, feliz,
mostrou uma peça promocional maravilhosa
que ganhou de Leonardo, o livro “Alucinação”.
Imediatamente recebi dezenas de e-mails de fãs
querendo saber como poderiam conseguir o livro,
se existe à venda e onde.
Só me foi possível dizer que infelizmente
ele é apenas promocional
e que uma emissora de rádio de São Paulo
sorteou vários exemplares do primeiro que foi lançado,
o “Esse Alguém Sou Eu”.
Quem sabe virão a sortear também o mais recente?
Ao vir à tona este assunto, acho que vou dividir com vocês uma entrevista muito interessante de Leonardo, exclusiva para esse livro promocional, onde ele mostra o grande profissional que é e sua seriedade diante da carreira e ao emitir opinião sobre a música sertaneja. De parabéns Guto Costa, responsável pelas lindas fotografias, que reproduzo parcialmente aqui.
*** Você tem o disco mais vendido da história da música sertaneja, com mais de 3 milhões de cópias, o terceiro mais vendido do Brasil. Essa marca dificilmente será alcançada por qualquer artista nesses tempos de pirataria. Você já parou para pensar na importância histórica que essa marca tem para a música sertaneja, já que provavelmente será para sempre?
LEO – Não tinha pensado nisso, não. Claro que este número é importante e me deixa muito feliz porque é uma conquista de Leandro & Leonardo, mas da música sertaneja também. Mas fico pensando o quanto seria bom se a nova geração pudesse ter a mesma oportunidade de vendas que nós tivemos. Até 10 anos atrás, a gente lançava um disco e tinha certeza que venderia no mínimo um milhão de cópias. Aliás, o disco já saía com 600, 700 mil cópias colocadas. Hoje este número é impensável. Os artistas novos foram prejudicados também porque as gravadoras perderam a capacidade de investimento. Os artistas que vendiam muito bancavam os que estavam começando. Hoje é muito mais difícil para todos nós.

*** César Augusto falou, em uma ocasião, que uma cena muito emblemática do começo do “boom” sertanejo era a de jovens de classe média, que tinham outra formação cultural, andando de caminhonete e tocando sertanejo no volume máximo. Você, que vivia intensamente a época, tinha tempo para reparar nesse tipo de mudança? Lembra de situações parecidas?
LEO – Lembro demais! No começo da nossa carreira, eu mais o Leandro não tocávamos em lugar chique de jeito nenhum. (rs) O povo rejeitava “nóis”, chamavam de caipira, de brega, de tudo quanto é coisa! (rs) Depois de um tempo, as coisas começaram a mudar e as casas como Olympia, em São Paulo, e Metropolitan, no Rio de Janeiro, abriram as portas para nós. Foi aí que descobrimos que muita gente ouvia música sertaneja, mas tinha vergonha de falar. O preconceito era muito grande. Acho que começou essa mudança pelo povo mais jovem mesmo, que achava a nossa música animada e divertida, boa para embalar uma farra com os amigos ou xavecar as meninas.

*** Você tem um projeto artístico não musical? Como um filme ou uma novela?
LEO – Olha, eu não tenho, não. O povo que trabalha comigo vive inventando umas coisas diferentes para eu fazer. Mas acho que cada macaco no seu galho. Eu sei cantar, não sou ator. Mas no futuro, quem sabe? Mas acho que eu não daria conta, não. Só se fosse um filme sobre Leandro & Leonardo, desde que eu não tenha que ser o ator.

*** Na época em que você começou a fazer sucesso e ganhar dinheiro, a pirataria era algo muito pequeno, restrito às cópias de fitas cassetes. Quando ela surgiu com força, você já era um artista consagrado. Diante disso, sinceramente, a pirataria atrapalhou a sua carreira de alguma forma?
LEO – A pirataria atrapalha a vida de todo mundo e claro que mexeu com a carreira da gente também. Já falamos que os números de hoje nem chegam perto dos números passados, mas não podemos esquecer que a pirataria cresceu também porque o preço do CD e do DVD é muito alto. Não dá para concorrer com os piratas. Mas temos uma notícia boa, já está quase aprovado um projeto que acaba com o imposto sobre os CDs e DVDs. Se passar pelo Congresso e o governo apoiar, isto vai ajudar muito porque vai reduzir o preço para os fãs. Vai custar 35% a menos, faz muita diferença.

*** Guardadas as devidas proporções, várias comparações podem ser feitas entre o que acontece com o sertanejo de hoje e com o que aconteceu no início da década de 90. Se naquela época a música sertaneja incorporou novos instrumentos, ritmos e etc, o que acontece hoje não é diferente, mas o nível das duplas novas parece não ser comparável ao das duplas do início dos anos 90. Você vê semelhança entre as duas épocas?
LEO – Com certeza. A música sertaneja se renova de tempos em tempos e isto é muito bom, porque o povo está sempre ouvindo, não cansa. Eu costumo dizer que o que esta turma está fazendo agora foi o que nós fizemos em 1986, 1987. Naquela época a música sertaneja falava muito das coisas do campo, da mata, e os arranjos eram bem tradicionais. Nós chegamos quebrando tudo! (rs) As letras falavam mais de amor e até de cama, por que não? Amor e cama têm tudo a ver, não? (rs) E também modernizamos os arranjos. E é isso que os novos sertanejos estão fazendo, modernizando o estilo. Fico impressionado com a quantidade de duplas que a gente vê hoje. Tem muita coisa boa, mas tem muita tranqueira também. Acho que o tempo vai acabar peneirando e vai sobrar o que é bom.
*** O que você acha do Sertanejo Universitário?
LEO – Acho que foi uma novidade boa, porque renovou o nosso seguimento. Já pensou que desgraça se a música sertaneja parasse no tempo, se ficasse só com a nossa geração? Seria uma mesmice que ninguém aguentaria. Acho muito bom que novos estilos apareçam, o problema é que muitas duplas acabam confundindo simplicidade com coisa mal feita. Eu não gosto de ouvir uma música mal produzida, mal feita. Mas eu fico feliz demais de ver a nossa música sertaneja muito bem representada na voz dessas novas duplas.

*** A grande maioria das duplas novas baseia seus trabalhos em regravações, principalmente de músicas dos anos 90. Isso não é um indício de que depois de vocês ficou um espaço em aberto que ninguém conseguiu preencher? Suas regravações mais antigas nesse seu novo DVD devem-se ao fato de você ter percebido esse interesse por parte do público?
LEO – Esta pergunta é muito interessante. Acho que isto significa que as duplas daquela época, Leandro & Leonardo, Zezé & Luciano, Chitão & Xororó e outros mais, têm um repertório muito bom, e para o público jovem estas músicas são inéditas. Imagina só a briga que é hoje para encontrar uma música boa, com tantos artistas novos! É mais fácil pegar uma música já testada, dar uma cara nova e trabalhar. Isso, ´para nós, é um grande elogio, e eu fico feliz que o povo regrava as minhas músicas. Eu iria regravar alguns sucessos antigos de Leandro & Leonardo de todo jeito, porque a nossa primeira idéia era fazer uma homenagem ao Leandro, que teria o nome de “10 Anos de Saudade”. Depois eu desisti porque achei que as pessoas iriam achar que era um oportunismo meu. Mas fiquei com vontade de regravar algumas músicas, então nós fizemos uma pesquisa através do meu site e pedimos que os fãs indicassem quais músicas eles queriam que eu cantasse nesse novo projeto. Foi uma surpresa para mim as músicas que foram escolhidas. O povo lembrou de músicas que nós nem trabalhamos, é sinal que é fã mesmo e conhece o nosso trabalho. E claro que quando você regrava tem que atualizar os arranjos. Eu dei uma modernizada mas mantive as características dos arranjos originais de L&L, como os metais, que ninguém mais usa e eu não dispenso.

*** Como foi gravar este DVD?
LEO – Foi um projeto maravilhoso do começo ao fim. Desde a escolha do repertório até o lançamento nas lojas. Tudo perfeito! Para decidir o repertório foi uma briga boa, porque tivemos que deixar de fora músicas inesquecíveis. Me deu muita saudade do Leandro. Fico imaginando o quanto ele estaria feliz de fazer um projeto desses. Depois contamos com um time de primeira para criar o show, a Joana Mazzuchelli, nossa diretora, uma grande profissional e uma pessoa muito querida. O Maluly, na direção musical, que fez um belíssimo trabalho, modernizando tudo. O Dany Nollan fez o projeto de luz, uma fera. E toda a equipe do meu escritório que ralou até deixar o show do jeito que a gente queria. Estou muito feliz com o resultado.

*** O que o motivou a fazer uma homenagem para o Waldick Soriano?
LEO – Eu sou muito fã desse cara. Waldick foi um dos maiores cantores românticos deste país. Todo mundo chama a música dele de brega. Pode ser, eu também sou brega. Se ser brega é levar alegria, emoção e felicidade para as pessoas, quero ser sempre muito brega! (rs) E com o tempo o que é Brega vira Cult! A música do Waldick Soriano esteve presente sempre em minha vida e acho que ele merecia esta homenagem.

*** E como foi ficar no meio do público com um violão?
LEO – Foi bom demais da conta. Como eu cantei músicas que não fazem parte do meu repertório normal de show, achei que o povo ia sentir falta dos sucessos como “Pense em mim” e “Talismã”. Então resolvi criar um momento para ficar mais próximo e cantar, sem compromisso de roteiro, as músicas que viessem no pensamento na hora. Foi um presente para os fãs.

*** Como é para você subir em um palco ano após ano? Depois de mais de duas décadas muda alguma coisa? O que sente o artista Leonardo nesta hora?
LEO – Não tem jeito, é uma emoção forte sempre. O coração acelera, a mão gela e você acha que não vai dar conta. (rs) Fico pensando na responsabilidade que é fazer um show que encante e emocione as pessoas que estão ali só para te ver. Eu tenho sempre o compromisso de fazer tudo perfeito para eles. Nem sempre a gente consegue, mas eles me perdoam. Quando o show começa é magia pura. Aquela sintonia entre o artista e o público é uma coisa que não se esquece nunca.
*** Tem algum sonho, algum projeto que você gostaria de realizar?
LEO – Eu não posso pedir mais nada dessa vida. Já recebi muito mais do que poderia imaginar e muito mais do que acho que mereço. Agradeço a Deus, todo dia, por ter me dado tantas oportunidades. A única coisa que eu gostaria e não posso ter é o meu irmão de volta cantando comigo. Como isso não é possível, vamos seguindo em frente com muita fé em Deus e com muita alegria.

*** Você é um dos poucos artistas que possui fã-clubes bastante numerosos e ativos que vivem trocando informações, discutindo sua carreira, discutindo até a sua vida pessoal. Que recado você gostaria de dar a eles?
LEO – Que vou dizer para esses fãs maravilhosos? Depois de tantos anos de carreira, são 25 já, ter pessoas que ainda se interessam por você, pelo seu trabalho, é uma alegria muito grande. Só tenho que agradecer por tanto carinho e dedicação. Espero poder retribuir pelo menos um pouco de tudo que recebo deles. Meu povo, eu amo vocês e se depender de mim vou ficar velhinho cantando para vocês. Isso se vocês me aguentarem até lá, claro! Fiquem com Deus! Um super beijo do Leo para vocês!

Nós te “aguentaremos” enquanto você quiser cantar.Não somente te “aguentaremos” como na verdade queríamos que você nos “aguentasse” mais, nos desse esse “super beijo”, do palco ou da telinha, muito mais vezes do que tem nos dado. Se tivéssemos esse poder, reduziríamos o tamanho do nosso país para que tivéssemos mais acesso aos seus shows e multiplicaríamos pelo menos por dez vezes o número de programas de TV de que você participa.Se pudéssemos, com certeza lhe daríamos a maior felicidade de sua vida trazendo Leandro de volta, mesmo que para nós ele esteja sempre ao seu lado no palco e em sua vida. Mas sabemos que dá vontade de voltar no tempo...
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