AG * Estou com sua vida aqui nestas fichas. Estou sabendo que você resolveu pilotar aqui em São Paulo.
L * Sou muito ruim para dirigir.

AG * É prego, é?
L * Ruim demais, roda dura. Prefiro deixar em outras mãos.

AG * Em compensação, para bater bola eu sei que você é bom e também para pescar.
L * Na pelota eu sou bom, na pesaria também sou muito bom. E em “otras cositas”.

AG * Eu sei que tem um show muito especial para você, que vai acontecer no dia 29 de outubro, lá em Goiânia, para a Casa de Apoio São Luiz.
L * Um show beneficente, eu e o Eduardo Costa, que está aí estourado no Brasil inteiro. Vamos fazer esse show para a Casa de Apoio São Luiz. Minha mãe é que toma conta de tudo lá, com minhas irmãs. Ela é a fundadora.

AG * Além das pescarias, onde mais você se sente relax, sem se preocupar com o que vai dizer, com o que vai vestir?
L * Lá na minha casa em Goiânia. Lá encontro meus amigos de futebol e minha família, aí a gente se reúne naquele dia de folga. Minhas folgas são segunda, terça e quanta. Nem todas.

AG * Essa declaração no “led” é verdadeira? "SEMPRE ESCUTO A SOMBRA DE UMA SEGUNDA VOZ NO PÉ DO MEU OUVIDO".
L * É verdade. Não é sempre. Principalmente na música “Mano”. E um dia o Marrone, da dupla com o Bruno, estava voltando de carro para Goiânia e tocou essa música na madrugada. Ele disse que ouviu uma segunda voz, muito bonita na música. Aí no dia seguinte ele me ligou querendo saber quem havia feito aquela segunda voz ou se tinha sido eu mesmo. Aí eu disse: Não, não tem segunda voz, não. Eu não fiz, ninguém fez. Aí ele disse que tinha ouvido e que tinha uma segunda voz. Não, eu não pus essa segunda voz.

AG * Vá explicar! Que você acredita em Deus eu sei. Que é religioso eu também sei. Mas você acha que existe vida após a morte e que eles estão por aí olhando pela gente, que isso tudo é bem possível de estar acontecendo?
L * Com certeza. Eu acho que ele está aí pertinho da gente, cuidando da gente. Às vezes eu sinto assim.

AG * De vez em quando eu também sinto assim. Você é muito ligado em energia, não é?
L * Claro! Às vezes a gente está deitado assim e sente a cama afundar como se alguém sentasse ao lado.

AG * Dá nervoso. Eu não sei se tenho medo ou se eu gosto.
L * Eu não tenho medo. Eu falo: Pode falar o que quiser. Diga pra que veio.

AG * Tomara que seja conhecido.
L * Se não for, a gente faz amizade logo!


AG * Você já saiu com alguma fã?
Leo * Sair que você fala é pegar? Não. Nada contra, mas eu nunca peguei.

No "led": "NÃO VOU DIZER QUE MEU CORAÇÃO NÃO É BANDIDO PORQUE TODO CORAÇÃO DÁ UMA PISADA NA BOLA".

L * Eu falei isso? Essa língua que não cabe dentro da boca!

AG * Você acha mesmo que o coração é bandido e que a carne às vezes é fraca e a gente acaba pisando na bola sem querer?
L * Todo ser humano é assim.

AG * O homem, não é?
L * A mulher também.

AG * Hoje em dia. Mas o homem consegue separar amor de sexo. É verdade ou mentira?
L * Verdade.

AG * Mulher não consegue. Hoje em dia já está conseguindo. A gente teve que aprender. Você já deve ter traído e deve ter sido bastante traído. Você acredita que o coração prega peças mesmo?
L * Com certeza.

AG * Às vezes ele faz você abrir mão de um grande amor por uma doideira e quando cai a ficha... meu Deus!
L * Já quase aconteceu isso comigo. Graças a Deus, só quase.

AG * Se você pudesse resumir o casamento em uma palavra: Paciência, Cumplicidade, Fidelidade... O que é mais importante?
L * Paciência. A gente não dá certo nem com os irmãos, até com a gente mesmo. Às vezes a gente olha no espelho e diz: Nossa, hoje eu estou um saco mesmo! Imagine alguém que vem e começa a te dar ordens: Você não vai hoje nessa festa, não vai com esse vestido, está muito curto... Isso tudo vai deteriorando o casamento, de qualquer forma. Não é só isso, né, mas essas pequenas coisas... Tem que saber compreender. A compreensão também é muito importante.


AG * Você não gosta de pescar no mar? Você enjoa?
L * Não, eu não enjoo, mas é uma pescaria muito sem graça, porque o barco fica curricando, dando voltas, não é como no rio, tudo calma, a gente fica escutando as onças fazendo barulho, ouvindo o silêncio. É maravilhoso.

AG * E quando você está lá no barranco pescando, você canta o quê?
L * Não canto nada. É só o silêncio maravilhoso.

AG * Dizem que ouvir o silêncio é coisa dos inteligentes. Você consegue ouvir o silêncio?
L * Consigo, demais. É para limpar a cabeça para voltar ao trabalho.


AG * Outra declaração sua lá no “led”:
TENHO MUITOS SONHOS COM O LEANDRO, DE ACORDAR E FICAR PROCURANDO POR ELE.
E NÃO SÃO BEM SONHOS, POIS CONVERSO DE ASSUNTOS DE HOJE. SÃO QUASE ENCONTROS.

L * É verdade. Até hoje. Às vezes quem está em casa fala: Poxa, o Leonardo até hoje está falando nisso! Eu sei que é um pouco chato.

AG * Eu perdi um irmão, perdi pai, perdi o Ayrton (Senna) e continuo falando disso. Eu não acho nada chato, acho que faz parte da nossa história.
L * Eu falo, mas às vezes eu acho assim, não é pra mim, pra minha família, para meus amigos mais próximos que gostam que eu fale do Leandro, mas tem muita gente que fala: “O Leonardo, será até quando ele vai ficar falando? Não vai deixar o irmão em paz?” Mas realmente a gente não consegue separar de jeito nenhum.

AG * Não passa um dia que você não se lembre, passa?
L * Não, nunca.

AG * Eu também não.
L * E realmente eu tenho conversado com ele assuntos de ontem e de hoje.

AG * Curioso.
L * É muito curioso isto, então eu queria entender mais profundamente.

AG * Tem gente que estuda os sonhos.
L * A ciência do sonho, não é?

AG * Você acha que realmente, como dizem, além de ter significados, a nossa alma vaga depois de um determinado momento do sono e tudo que acontece no sonho você realmente está passando? Você acredita nisso ou não?
L * Acredito. Acredito cem por cento.


L * Quando eu trabalhava na farmácia, meu sonho era mandar injeção nos outros, passar o rodo geral.

AG * Que papo é esse?
L * Era quando eu tinha vinte anos de idade, quando eu trabalhava na farmácia.

AG * Mas você não morre de medo de injeção?
L * É, tanto medo que quando me passaram que eu ia começar a dar injeção no povo eu acho que apliquei uma, duas ou três e vazei. Eu tremia muito mais do que quem ia tomar a injeção.

AG * Eu também não gosto, morro de medo de injeção. E sangue... duas coisas que...
L * Eu não gosto, morro de medo e se eu estiver vendo televisão e falarem que vai entrar uma matéria de cirurgia eu mudo de canal na hora.

AG * Fico nervosa, eu também não gosto, me dá uma agonia louca. Agora, você chegou a trabalhar em farmácia e diz que era louco para dar injeção em todo mundo. Na hora em que você viu como é que era você ficou apavorado?
L * Fiquei com medo. Eu acho que amarelei. Trabalhei na Farmácia São Benedito lá em Goiânia, lá na rua 10, da dona Nazaré e do Anselmo, do doutor Wilton.

AG * Mas você medicava? Porque antigamente os farmacêuticos davam palpite, toma isso que é maravilhoso...
L * Não, eu só ficava mesmo era "urubuservando" aquele pessoal muito competente de lá.

AG * Imagino a quantidade de mulheres que ia comprar remédio naquela farmácia! Você lá com esse "zóio" azul! Olhe o "zóio" do cara!
L * Naquela época eu não pegava nem resfriado. Era difícil. Pra pegar tinha que pagar. Como não tinha dinheiro pra pagar, não pegava ninguém. Era o famoso pega ninguém.

AG * Batista, você era como o Batista. Casou eu não sei como. Canta pra ele um pedacinho do pega ninguém.
L * Pega sim, não é, Batista? Depois da idade do Batista, ele só pega dois tipos de mulher, cara ou coroa.

AG * Adorei essa, Batista! Mas vem cá, fama, música e grana ajudam? Deixam todo mundo mais bonito?
L * Claro!

AG * Não tenho a menor dúvida disso.
L * Também não tenho dúvida nenhuma.


AG * Esta declaração no “led” é verdadeira? EU NÃO QUERO MORRER, CLARO, MAS NÃO SINTO MEDO. Você jura que não sente um pingo de medo de morrer?

L * Não, eu não tenho um pingo de medo de morrer, não.

AG * Você tem medo de envelhecer?
L * Não, eu acho que a gente tem que procurar um modo de envelhecer bem.

AG * Não te assusta ficar velho?
L * Não, de maneira alguma. Eu acho até melhor você chegar a ser um velhinho de 80 anos do que morrer com 20. Envelhecer é a coisa melhor do mundo.

AG * Eu também acho. Tem história para contar, repassar para as pessoas...
L * Já imaginou você ver os netos crescerem, os bisnetos... É uma coisa maravilhosa. Acho que a gente volta a ser criança.

AG * Aí dá uma relaxada, já cumpriu o que tinha pra cumprir... agora me deixe em paz!
L * Passou dos 65 ou 70 anos, começa a virar criança de novo. São os netos pulando nas costas. Eu vejo lá pelo meu pai, minha mãe, a meninada toda. É até engraçado.

AG * E cantar, você acha que canta até quando? Você vai ficar velhinho cantando?
L * Eu acho que depende muito do povo, que me botou aqui e que faz com que eu permaneça até hoje. Eu acho que chega uma hora em que, como a vida é um círculo, vão aparecendo mais e mais artistas e você acaba ficando um pouco esquecido. Não estou dizendo que vá acontecer isso comigo, mas se acontecer eu sou de entender essas coisas e já estou preparado também, tanto na minha carreira como na minha vida.

AG * Você acha que conseguiria viver fora da mídia?
L * Tranquilamente.

AG * Se amanhã você acordasse um anônimo, isso ia te fazer mal, você não ia se entristecer?
L * Não, de maneira alguma. Eu acho que estou preparado para viver no anonimato.

AG * Mas isso jamais vai acontecer. Você sabe, não é? Porque a música é eterna, o seu trabalho vai sempre ficar, não tem jeito. A gente tem um quadro no programa que hoje terá o Biafra...
L * Voar, voar, subir, subir... Canta demais!

AG * Canta demais esse cara. Ele vai estar aqui hoje.
L * Curti demais o Biafra.

AG * A gente criou esse quadro que se chama "Matando Saudade" para mostrar essas pessoas que saíram da mídia, mas continuam felizes, alguns continuam com trabalho e fazendo show por aí, outros mudaram de profissão, mas a gente está encontrando essas pessoas de novo. E eles encerram o nosso programa. Hoje será o Biafra, que sabe cantar e voar, voar... O sonho de Ícaro...
L * Essa música foi um sucesso estrondoso.

AG * Esse cara bombava, mas bombava muito!
L * Todo bonitinho, carinha de menino. Até h oje ele tem cara de menino.

AG * É impressionante. Eu encontrei com ele ali atrás, não envelheceu, não.
L * Eu acho que ele está usando creme de formol! Não é possível!

AG * E você também está com 46 anos mas parece estar com seus 38.
L * Com corpinho de 50 mas está bom.


AG * Seu filho participou do reality "A Fazenda", que foi um sucesso total na Rede Record. Eu fiquei impressionada. Primeiro porque eu sempre gostei dele, você sabe disso. Ele já cantou várias vezes no meu programa. Mas eu fiquei impressionada também porque você deu uma declaração de que acabou o conhecendo melhor no programa do que antes. É verdade isso?
L * É verdade. Tudo que eu falo é quase que cem por cento verdade, doa a quem doer.

AG * Não dá para falar tudo, não é?
L * Eu falei isso aí, realmente, e teve gente que levou para outro lado: "Que vergonha esse Leonardo..."

AG * Você é um bom pai. Você acabou vendo o Pedro de um jeito que não via ao seu lado.
L * A gente se encontra no máximo cinco a oito vezes por ano. Ele viaja para um lado e eu para outro. Quando ele vai para Goiânia eu não estou.

AG * Mas vocês se falam bastante pelo telefone?
L * Falamos bastante. É normal que a gente viva essa distância, mas lá no "A Fazenda" realmente até que eu pude vê-lo quase que 90 dias no dia-a-dia.

AG * Em alguns momentos você se emocionou com ele?
L * Eu me emocionei muito, mais ainda em ver o povo falar dele. Eu estava fazendo uma turnê pelo Nordeste, e o povo chegava e falava: "Leonardo, o seu filho é maravihoso, parabéns." E por aí. Eu fiquei feliz em ver que ele é um cara querido, um cara bom, um coração bom. Acho que isso é o mais importante.

AG * Que legal! Bacana. Ele encantou o país.
No led: "PERCO O AMIGO MAS NÃO PERCO A PIADA".

L * É verdade.

AG * Um dia ele me pegou... Deixa isso pra lá... Ou vamos colocar um "piii" na hora. Eu perguntei para você quem é o seu melhor amigo. Você se lembra do que respondeu?
L * Lembro, lembro demais.

AG * Então responde de novo que a gente põe um "piii", vai...
L * Meu melhor amigo é o meu ("piii"), mora perto do meu ("piii") e não me ("piii").

AG * Você que está em casa entendeu? Ele é assim, ele perde o amigo mas não perde a piada. Mas não essa a verdade. Você é um cara cheio de amigos e eu falei que vou pescar com você e com o Luxemburgo, porque é outro que pesca à vontade.
L * Aquele é o maior pescador que eu já vi na minha vida.

AG * Tô sabendo. Ele já foi jantar comigo e falou que vai me levar nessa pescaria junto com você.
L * O Wanderley Luxemburgo é o cara mais tarado por pescaria que eu já vi na minha vida. Ele sai de manhã e não volta mais. Fica de seis da manhã até seis da tarde.

AG * Pescando sem parar?
L * Eu falo, me larga no barranco ali que eu não aguento mais esse sol na minha cabeça, não, bicho. Ele pesca com duas varas. Aquele cara é tarado!

No led: "ADORO QUANDO AS FÃS ME CHAMAM DE TOMATEIRO. ACHO BOM DEMAIS!"

AG * Eu nunca ouvi ninguém te chamar de tomateiro, só escuto te chamarem de gostoso, gostosão, tesão, delícia, casa comigo... Tomateiro eu nunca ouvi. Tem fã que te chama de tomateiro?
L * Chama de tomateiro, de plantador de tomate... Eu fico feliz demais, porque realmente eu fui um tomateiro, um plantador de tomate.

AG * Mas você era dos bons mesmo?
L * Dos bons mesmo, e hoje eu adoro tomate e não tenho nada contra.

AG * Qual é o prato de que você mais gosta?
L * Prato cheio.

AG * Prato cheio... Arroz e feijão? Massa com molho de tomate?
L * Arroz e feijão, massa com molho de tomate, um "zoião".

AG * "Zo" o que?
L * Ovo frito.

AG * Ah, ovo frito é "zoião". Eu fico apavorada com o que ele vai dizer! O que você gosta de beber? Vinho? Champagne?
L * Não, eu tomo cerveja mesmo. É uma bebida mais popular. Vinho dá dor de cabeça. Champagne também.

AG * O seu negócio é cerveja?
L * É, cerveja ou uma pinguinha branquinha. Se não tiver a branquinha, pode ser amarela, aquela que a gente bebe na marmita, bebe na tijela, bebe a quantidade que descer na guela e se você não beber comigo você amarela.

AG * Uma pergunta da platéia: "É verdade que você dorme pelado?
L * É verdade, sim, eu durmo sem nada, porque não quero chegar de madrugada e acordar para tirar aquela camiseta que fica apertando o pescoço. Até sonho que tem alguém me enforcando.

AG * Então dorme liso, liso, liso, liso e solto.
L * Ah, mas agarradinho.

AG * Ele dorme pelado, mas dorme com um cobertor maravilhoso.
L * É, cobertor de orelha.

AG * Nesse novo CD e DVD você faz homenagem ao Waldick Soriano. Ele não era dos anos 60 ou 70?
L * Quando eu comecei a cantar e fazer sucesso com o Leandro a gente morava no mesmo hotel que o Waldick Soriano, o Jandáia, na Duque de Caxias, aqui em São Paulo.

AG * Mas o Waldick já era um senhor, não?
L * Sim, já era. A gente conversou com ele algumas vezes. Eu sempre fui muito fã dos boleros que ele gravava, das músicas, da voz dele.

AG * Ele tinha uma voz tão curiosa, diferente, não é? Difícil de imitar, não?
L * É, difícil de imitar, sim. Ele cantava ali no médio para o grave, então realmente é difícil cantar uma música dele.

AG * E o rouco dele é bem diferente. O tom dele... Leo, eu invadi o camarim do grande Cauby Peixoto, que faz show toda segunda-feira no bar Brahma, aqui em São Paulo. Ele também é uma figuraça, não acha?
L * Cauby Peixoto é um dos maiores cantores, uma das maiores vozes desse país, com certeza. Maravilhoso. O Cauby Peixoto tem uma voz muito diferente. É um cantor internacional. Um beijo pra ele.

AG * Leo, meu abraço.
L * Gente, obrigado, gente!