LUAR DO SERTÃO
(Catulo da Paixão Cearence)
Não há, oh gente,
Oh, não, luar
Como esse do sertão
Oh que saudade
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão
Esse luar lá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão
Se a lua nasce
Por detrás do grande verde
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
E a gente pega
Na viola que ponteia
A canção e a lua cheia
A nos nascer no coração
Coisa mais linda
Nesse mundo não existe
Do que ouvir um galo triste
No sertão se faz luar
Parece até que a alma da lua
É que diz “canta”
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar
Ai quem me dera
Que eu morresse lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado
Numa grota pequenina
Onde à tarde a sururina
Chora a sua viuvêz