EM NOME DO AMOR

jornal virtual
Leandro & Leonardo
LEONARDO

nº 122 – 15 agosto 2010
redação e produção: Vera Marchisiello
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vmllena@terra.com.br







anos daquele primeiro 15 de agosto em que, ainda incrédulos, quisemos ter em nós reforçada a fé para que realmente pudéssemos crer que Leandro estava nos braços de Deus, aconchegado pelo manto sagrado de Nossa Senhora, ele que aos quatro anos de idade chamou sua mãe para que visse a imagem de Nossa Senhora que ele afirmou estar vendo na parede da humilde moradia da família, em Goianápolis. A mamãe Carmem não viu, mas certamente entendeu o que se passava e teve sua fé reforçada. Foi essa fé que não só a manteve de pé quando Leandro partiu como a tornou capaz de nos consolar com sábias palavras, de nos dar um lindo exemplo de força e de se dedicar ao sonho do filho, criando a obra assistencial hoje reconhecida em todo o Brasil, a Casa de Apoio São Luiz.
Falo no plural por ter plena convicção de que compartilho esses pensamentos com milhares de fãs mundo afora. Agora, 12 anos depois, quando tanta coisa mudou na vida de cada um de nós, sou capaz de apostar que temos em comum uma saudade única. Saudade de alguém que muitos de nós nem sequer viu de perto. Eu mesma não cheguei a conhecer Leandro, mas hoje o tenho como um irmão que do Céu ilumina minha vida, a quem, não nego, por mais que tente poupá-lo, recorri algumas vezes em oração. Se todo dia peço a Deus que dê a ele o merecido descanso da Paz Eterna, não posso e sei que jamais poderei deixar de pedir a ele que interceda junto a Deus por seu irmão Leonardo, companheiro de palco e de vida, estando sempre com sua Luz nos caminhos de sua família e amigos queridos.

Como algumas vezes até já disse à sua mãe, por uma questão de temperamentos parecidos sempre me identifiquei mais com Leonardo, e por isso quando via a dupla na televisão sempre me percebia mais ligada àquela irresistível primeira voz. O inegável carisma e a elegância do Leandro chamavam a atenção de todos e também a minha, claro, mas para mim ele parecia mais distante. Já Leo, como que antecipando o que mais tarde viria a acontecer, me parecia um amigo próximo. Por mais que isso possa soar como absurdo ou delírio, o fato é que quando cheguei perto dele pela primeira vez, em 1999, estarrecida o ouvi dizer que sabia quem eu era. Já Leandro, que me parecia alguém muito distante, depois de sua partida, por alguma razão que não sei explicar, me parece ter se tornado muito próximo.






Num dia muito especial de abril de 1999 recebi uma ligação telefônica de Goiânia e por quase duas horas conversei com dona Carmem Divina Costa. O motivo daquela ligação teve a ver com a partida de Leandro e o fato de Maria Rita, esposa do cantor Roberto Carlos, naquela época estar com a mesma maldita doença que poucos meses depois também a levou. Considero esta a primeira intervenção de Leandro em minha vida. Digo isto porque deste primeiro contato por telefone nasceu uma amizade linda, que se expandiu me trazendo a bênção de vir a conhecer os demais irmãos e as irmãs de Leandro e Leonardo, assim como seus sobrinhos e hoje até mesmo os bisnetos de dona Carmem e seu Avelino, Luiz José, neto de Cida (Antônia Aparecida) e Maria Eduarda e Antônio Neto, filhos de Polianinha, netos de Fátima.
Tudo bem que é uma família muito simples, que leva uma vida comum como se não tivessem entre eles artistas famosos, mas ainda assim com frequência me pergunto, enquanto agradeço a Deus e ao Leandro, porque tive da vida tão grande presente. Repito que não sei explicar mas me vem sempre a certeza de que nessa decisão divina para os caminhos da minha vida houve “um dedinho” do Leandro.


Como tinha mesmo que ser
e falei sobre o aniversário de
Leandro,
peço, ouço e divido com os fãs
um pouco de sua história,
contada aqui por uma de suas irmãs,
Fátima,
a segunda filha dos meus amados
Carmem Divina Costa
e Avelino Virgulino Costa


*Vera Marchisiello – Fátima, quando Leandro nasceu você tinha apenas dois anos e meio. Quais são as suas primeiras recordações do Leandro criança?
*****Fátima Costa – Nossa diferença de idade é de dois anos, um pouco mais. Eu mais a Cida e Leandro brincávamos juntos. Era tudo criança. Muita brincadeira na terra. Lembro que ele gostava de mexer em tudo. Era bem pequeno e já muito “custoso”. Gostava de estar em todas.
* – A imprensa sempre menciona o colégio onde Leandro e Leonardo estudaram em Goianápolis. Cida e você estudaram no mesmo colégio?
***** – Mesmo colégio. Todos nós, até porque só tinha aquele colégio em Goianápolis naquela época.
* – Com seu jeito brincalhão, Leonardo já contou que com o primeiro dinheirinho ganho com a música ele e Leandro compraram um telefone, pois a irmã casada vivia reclamando de estar sempre tendo que chamá-los, tantas eram as ligações para eles feitas para o telefone de sua casa. Quem era essa irmã, Cida ou você?
***** – Era eu. Na verdade não foi tão com o primeiro dinheirinho. Eu já estava casada e eles moravam na casa deles e eu na minha. Aí o que é que acontecia? Os empresários ligavam de São Paulo lá pra dentro da minha casa e o então meu marido já estava começando a cismar. Está entendendo? Eu estava grávida da minha menina, a Poliana, e eu tinha que subir uma ladeira para chamar os dois. Aí eu briguei e falei: Assim não dou conta mais não! Eles diziam que era implicância minha, mas eu estava grávida.
* – O que você pensou quando Leandro deixou a roça para começar a cantar com Os Dominantes?
***** – O que eu pensei? Eu achei loucura! Quando ele largou a roça e falou que ia cantar, minha mãe deu o maior apoio. Meu pai trabalhando sozinho na roça, Leonardo querendo ajudar, mas logo se viu que aquilo ali não ia dar em nada, como nunca deu. Aí resolveram vir pra cá (Goiânia), mas eles eram muito novos. Eu sempre fui muito esperta, muito precavida quanto a essa coisa de drogas. Tenho muito medo. Mas graças a Deus os meninos não se envolveram com essas coisas, que a gente sabe que existe muito. Deus é muito bom e não deixou que eles se envolvessem com essas coisas. Eu, como uma das irmãs mais velhas, tive muito medo, fiquei receosa. Eu tinha que ajudar meus pais, mas eu já era casada, e você sabe que quando a gente é casada não pode ajudar totalmente. De todo jeito que eu podia ajudar eu ajudava. Mas quando meus irmãos começaram a ganhar dinheiro, mesmo ainda passando dificuldades eles começaram a ajudar mamãe e papai.
* – Quando Leandro e Leonardo começaram a cantar pelas redondezas, algumas vezes vocês estavam por perto e os viam cantando?
***** – Eles começaram lá em Anápolis, na rádio, e participaram de um concurso aqui em Goiânia, concurso de música sertaneja. Ganharam e logo cantaram na televisão num canal daqui mesmo.
Daí foram fazendo uns showzinhos pela cidade. Eu me lembro de ter ido a muitos desses showzinhos. Era bom demais ver aqueles magrelas lá em cima. Era tudo magrinho! Mas o Leandro já era muito cuidadoso com as roupas, queria estar sempre elegante. Era difícil. Eles ainda cantavam músicas dos outros, como de Chitãozinho & Xororó e do Zezé, que estava começando. Sempre músicas conhecidas. Era muito bonito. Desde o início os shows deles eram muito animados. Era muita animação. Nunca teve queda.
* – Quando você começou a acreditar que seus irmãos seriam sucesso?
***** – Xi, Vera, para dizer a verdade eu comecei a acreditar desde o início. Eu tive medo do que poderia vir a acontecer com o sucesso. Você sabe que esse meio muda a cabeça das pessoas. Eu conversei muito com eles. Sabe? Eles não “cresceram”. Eu digo que eles cresceram espiritualmente, sempre querendo ajudar, mas não “cresceram” naquele sentido da “estrela”, de querer jogar tudo pro ar. Eu sempre acreditei muito neles, mas como irmã mais velha eu conversei muito com o Leandro, conversei com o Leonardo. Só quem morava aqui em Goiânia era eu. Tinha o tio Ângelo e eu morava com ele. Nós conversávamos muito e ele me explicava tudo. Ele ficava de olho nos meninos. O tio Zé já foi mais tarde um pouco.
* – Como foi para você e a família quando eles estouraram com “Pense em mim”?
***** – Nossa! Quando aquilo tudo começou a gente agradeceu muito ao Pai. Eles começaram a fazer aqueles programas de televisão, aquele “Globo de Ouro”, nossa! Aquilo, para nós, era de nem acreditar, você não tem noção do que era! Eu tenho tudo gravado. Cada dia que se passava eles ficavam mais humildes e mais unidos também. Foram crescendo e dentro de nós também. Sabe, Vera, não foi assim aquele estrondo de repente. Fomos procurando levar tudo devagar. Fomos tendo cuidado para nada daquilo subir à cabeça. Tanto que lá em casa, você mesma vê, não tem aquela coisa de família de Leandro & Leonardo; é tudo simples mesmo. (Isto é o que há de mais bonito, de mais louvável em todos vocês, Fátima. Poderia até ser que vocês, irmãos, e os pais não deixassem a estrela subir à cabeça. Mas os sobrinhos, que já cresceram numa outra realidade, numa época de total sucesso dos tios, poderiam ser “estrelinhas”. Eu conheço todos os sobrinhos da dupla e posso afirmar que ninguém é “estrela”.) Pois é, Vera, eu procurei trabalhar isso na cabeça deles desde cedo para não acontecer o que tanto se vê por aí.
* – Quando toda a família foi para Goiânia foi direto para aquela casinha onde em 1999 teve início a obra assistencial da Casa de Apoio São Luiz?
***** – Não, antes nós moramos num barracão ali no Setor Universitário. Depois meu pai voltou para Goianápolis, porque aqui o trabalho estava difícil. Eles alugaram um barraco e ficaram aqui em Goiânia. Depois meu pai vendeu a casa de Goianápolis e comprou aquela onde nós começamos a Casa de Apoio São Luiz.
* – Como foi ver seus irmãos comprarem a primeira fazenda e qual foi ela?
***** – Fui um orgulho ver o resultado do trabalho e do talento deles.A primeira fazenda que eles compraram foi a de Leopoldo Bulhões. Você se lembra de lá, não é? Depois o Leonardo vendeu a parte dele para o Leandro e comprou uma em Guapo, que não é aquela que ele tem agora. Era pequena. Depois ele vendeu a pequena.
* – Sou testemunha da união de sua família e do carinho entre vocês todos. Quando seu filho nasceu você colocou o nome de Leandro. Como se deu essa escolha?
***** – Quando o pai dele saiu para registrar o neném, eu disse que queria que colocasse o nome de Igor. Ele concordou, mas quando voltou me disse que não tinha colocado. Ele contou que lá no cartório começaram a perguntar se ele sabia que tinha um filme com um macaco chamado Igor. Ele disse que começaram a fazer uma votação com cinco nomes e ganhou o nome Leandro. Ah, que bonito, agora todo mundo ia perguntar se era por causa de Leandro & Leonardo! E eu pensei se o Leonardo ia ficar enciumado. Olhe como são as coisas: Quando a Andréa, do Leandro, estava grávida e meu irmão falou que ia colocar o nome dele no neném, eu perguntei se ele estava doido. Já havia ele e o meu filho Leandro. Agora ia ter o neném também. Ele disse que era para ninguém esquecer dele. E agora ainda tem mais outro filho Leandro.
* – Pois é, Fátima, mais um sobrinho, não é? Há poucos dias esse seu novo sobrinho que é o quarto filho do Leandro e também chamado Leandro postou um vídeo no YouTube cantando e tocando violão. Causou um rebuliço entre os fãs da dupla Leandro & Leonardo. Sei que vocês o conheceram há somente uns dois ou três anos. Como foi esse encontro?
***** – Tem mais ou menos dois anos que ele apareceu. Meu irmão morreu sem saber da existência dele. Só quando ele cresceu foi que fomos procurados para o reconhecimento da paternidade. O exame foi feito com minha mãe e deu positivo. Você não tem noção do quanto ele se parece com o pai dele. A carinha dele é a carinha do pai dele. Ele é apaixonado pela minha mãe, canta e toca igual ao pai. Vai chegando, chegando, se encolhendo, olha e encosta na gente que até parece o tio, o Leonardo. Um amor mesmo.
* – Como foi passar a chamar Luiz José e Emival de Leandro e Leonardo?
***** – No início foi difícil, bem estranho. Aos poucos começamos a chamar. Depois habituamos e hoje é assim mesmo para nós.
* – Como é ver Pedro & Thiago fazendo sucesso? Sei que a estrutura hoje é outra, mas não deixa de ser uma boa luta. Que recordações da luta de Leandro & Leonardo lhe vêm à lembrança?
***** – É muito bom. Claro que eles não passaram o que os meninos, meus irmãos, tiveram que passar, mas é muito gratificante ver os dois. Eles têm valor, são trabalhadores também. São muito sérios, então é muito bom ver que crescem como artistas.
* – Como você se sente hoje não só por ser irmã da dupla tão famosa mas por ter nas mãos a tarefa que vem cumprindo tão bem de levar adiante o cada dia mais completo trabalho à frente da Casa de Apoio São Luiz, sonho de Leandro e objetivo de Leonardo?
***** – É muito trabalho mas é muito gratificante porque preenche a alma da gente, faz a gente crescer espiritualmente. É muito bom estar ajudando as pessoas. Tenho certeza de que um “Deus lhe pague” vale mais que muito milhão. Quando o pessoal sai daqui, sai abençoando, agradecendo e perguntando “o que eu posso fazer por vocês”. Eu só quero que rezem por nós, para a gente poder continuar com essa obra que está ajudando tanta gente e que nós temos tanto carinho por ela. É isso. Tudo que peço é que cada leitor seu reze uma Ave Maria por nós todos os dias. Eu agradeço a meu irmão Leandro, que em meio ao seu sofrimento se lembrou dessa gente que precisa de ajuda.

Fátima, eu agradeço muito por você ter me dado essa oportunidade de dividir com os fãs de Leandro & Leonardo um pouco da história dessa família tão bonita que é admirada por muito mais pessoas do que você possa imaginar. Agradeço por mais esta demonstração de amizade profunda, carinho e transparência que sempre me emocionam. Repito aqui meu agradecimento a Deus por ter vocês como amigos que amo muito. E agradeço ao Leandro por ter nos aproximado.

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