EM NOME DO AMOR

jornal virtual
Leandro & Leonardo
LEONARDO

nº 129 – 15 março 2011
redação e produção: Vera Marchisiello
distribuição gratuita por e-mail
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vmllena@terra.com.br






O jornal E M   N O M E   D O   A M O R teve início numa noite em que para me distrair comecei a escrever sobre Leandro & Leonardo . Acho que a razão do tema foi o fato de eu ainda estar muito incrédula com a partida do Leandro, ao mesmo tempo em que o sentia sempre muito perto. Comecei a escrever, simplesmente o texto foi brotando sem qualquer pretensão ou intenção. Também sem qualquer censura, eu diria, já que ao final do texto, não sei explicar a razão de tamanha ousadia, o distribuí como o primeiro número do que viria a ser um jornal virtual de distribuição gratuita. Mas como é o meu jeito de levar a vida, logo assumi comigo mesma o compromisso (hoje digo louco compromisso) de distribuí-lo mensalmente, todo dia 15, como o oferecendo ao Leandro e pedindo sua aprovação. Já se passaram 129 meses dessa noite e com raríssimas exceções tenho respeitado seriamente a data de distribuição desse “nosso jornalzinho” que, embora escrito e produzido só por mim, acabou por se tornar de todos os leitores, que com carinho especial o chamam de “nosso”, e que, de uma brincadeira com respeito, acabou se tornando uma tarefa séria, já que muitos fãs da dupla e do Leo manifestam ansiedade pelo recebimento do jornal sempre que o dia 15 de cada mês se aproxima. Nesses 128 exemplares já tive momentos em que achava que não teria sobre o que escrever, pois, sem dúvida, com o passar do tempo os temas a serem abordados vão se esgotando. Lembro aqui que o E M   N O M E   D O   A M O R é escrito por uma só pessoa, ditado por emoções, lembranças e vivências, observações que são somente minhas.
Sem dúvida os shows sempre podem gerar boas matérias, mas resido em Niterói, Estado do Rio,
onde pouquíssimos shows de Leonardo acontecem a cada ano,
sendo que alguns em localidades onde a violência urbana é uma real dificuldade
para quem não mora na região, para onde o ir e o retornar são um grande risco.
Só como uma superficial comparação, desde 17 de março de 2007,
quando Leonardo fez um inesquecível show no Vivo Rio completando-se agora 4 anos,
foram 70 shows no Estado de São Paulo contra 24 no Estado do Rio.
Desse triplo de shows em SP, 16 foram em casas de espetáculos, contra somente 2 no RJ,
8 vezes mais para os paulistas, portanto.
Isto tudo sem contar os shows fechados para empresas.
O que tenho a dizer aqui é que hoje está acontecendo uma situação bastante peculiar. O dia 15 chegou, são 17 horas, e ainda estou muito envolvida com o excesso de trabalho decorrente do fato de Roberto Carlos ter sido homenageado no carnaval carioca pela escola de samba Beija-Flor. À frente, como coordenadora, do grupo de apoio à divulgação de sua carreira e obra, mesmo detestando carnaval este ano eu tive que mergulhar fundo em tudo que cercava essa homenagem. Para dizer a verdade, ainda estou envolvida com a edição de todas as matérias de telejornalismo, o que me deixa bastante ‘fechada’ para que me venha inspiração para tratar deste jornalzinho que tanto amo. O que fazer? Até para se ter inspiração é preciso contar com o tempo para bem recebê-la e lhe dar um bom uso. Para escrever e produzir o N O M E   D O   A M O R preciso de inspiração, é certo, mas tem que haver também a transpiração – esforço, dedicação e tempo para que tudo tome forma.
Ao procurar fotos dos shows realizados no Vivo Rio e no Citibank Hall aqui do Rio, logo tive vontade de seguir o caminho das fotografias para completar este jornal. Afinal, fotos de Leandro e de Leonardo são sempre inspiradoras dos melhores sentimentos. Até já recebi sugestão de alguns leitores para criar um jornal só de fotos. Mas convenhamos que fotografias podem ser encontradas com facilidade em vários blogs. Por falar em fotos, me lembro que fiquei encantada com a qualidade e inspiração das fotografias inseridas na agenda 2011 do escritório Talismã, do Leonardo, que também agencia Pedro & Thiago e outros bons artistas. Logo que ganhei a agenda, mergulhei no texto sobre a evolução da música sertaneja, base da vida e carreira de Leandro & Leonardo . A agenda passa por várias duplas e chega até seus contratados. Destaco aqui alguns trechos dessa história e algumas fotos, já que infelizmente essa agenda não existe à venda e, portanto, poucos são os fãs que a ela têm acesso:
A música sertaneja que se ouve nas rádios hoje é muito distante da que se fazia no começo do século XX. (...) Dos ritmos brasileiros, a música sertaneja foi a que mais recebeu influências durante sua história. (...) Aquele estilo puro, criado pelos caipiras, foi se mostrando extremamente maleável, adaptável às novidades, o que fez a música sertaneja se tornar a mais popular do país. (...) Com o sucesso de nomes como Tonico e Tinoco e Tião Carreiro e Pardinho, a carreira como dupla sertaneja passou a ser meta de várias famílias. A necessidade de fazer algo novo e se destacar em meio a tantas duplas foi o motor de tantas e tantas mudanças realizadas ao longo dos anos. (...) Aos 80 anos, a música sertaneja colhe os frutos de ter sido, durante toda a sua história, um estilo musical que sempre esteve aberto a novidades.Pouca gente sabe, mas “polca”, em castelhano, significa “dança”. A canção “Galopeira” , uma das músicas paraguaias mais famosas no Brasil, é a polca mais conhecida dos brasileiros. (...) O ritmo teve tanta força na música sertaneja que canções originalmente brasileiras ganharam aspectos de polca. (...) Apesar de presentes na música sertaneja da década de 1950 até 1980, algumas características musicais da polca puderam ser vistas em arranjos dos anos 90, principalmente no repertório de Chitãozinho & Xororó. (...) Dos ritmos que influenciaram a música sertaneja, a guarânia é o mais melancólico. (...) “Índia” lançou as bases para o ritmo em 1925. Uma das guarânias nacionais mais famosas é “Colcha de retalhos”. (...) Chitãozinhoo e Xororó, que faziam constantes viagens aos Estados Unidos – em especial a Nashville, capital americana dos rodeios e da música country -, trouxeram à música sertaneja instrumentos como a gaita de boca, o violino e o banjo. (...) De uma hora para outra, o romantismo dos anos 90 começava a dividir espaço com um ritmo mais animado, que atendia ao público de rodeio, já ligado em música sertaneja. (...) A influência country é uma das que mais perdura. (...) A influência mexicana na música sertaneja tem origem em um dos principais cantores mexicanos: Carlos Alberto Mejía. (...) Além da parte instrumental, um curioso costume foi importado: o de dar gritos e assovios na introdução e nos intervalos das músicas. (...) A consolidação da influência mexicana na música sertaneja se deu com o sucesso de “Estrada da vida”, uma canção com todos os elementos de música mexicana, mas composta por José Rico. (...) Nos anos 80, começava a surgir um estilo de música sertaneja que dominaria as rádios brasileiras na década seguinte, e se tornaria a vertente mais bem-sucedida do gênero. (...) “Fio de cabelo”, pelo sucesso que obteve com Chitãozinho & Xororó, dava claros indícios de que histórias de relacionamento mal-sucedidas haviam caído no gosto do público.
Em 1990, João Mineiro & Marciano disputavam com Chitãozinho & Xororó o posto de dupla mais popular. Na mesma época, já surgiam Leandro & Leonardo, também na linha romântica, apesar dos arranjos repletos de guitarras, muito modernos perto do que se fazia até então. Letras sobre paixões desenfreadas e de cunho sexual começaram a ganhar destaque: “Paz na cama” e “Entre tapas e beijos”, de Leandro & Leonardo, e “Cama de capim” e “Leva minha timidez”, de Zezé di Camargo & Luciano. Com esse estilo pejorativamente chamado de “brega”, Chrystian & Ralf, Zezé di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó e Leandro & Leonardo ocuparam os programas de televisão pelo menos até a metade dos anos 90. Quase todos os canais abriram atrações exclusivamente sertanejas , e pôde ser visto um “boom” de rádios do gênero. Em 1995, foi realizado o primeiro especial “Amigos”. Consolidava-se, ali, a geração mais bem-sucedida da música sertaneja, responsável por transformar um estilo musical de quase 60 anos em um dos maiores fenômenos midiáticos da história do país.
O maior expoente da música romântica brasileira é o cantor Roberto Carlos, referência constante no trabalho dessas duplas sertanejas. (...) Por sua vez, ele também se identifica com o gênero, tanto que realizou, no começo de 2010, o projeto “Emoções Sertanejas”. (...)
A rebeldia nunca foi característica da música sertaneja. Nem a música de protesto. (...)
Moda de viola é o termo utilizado para designar a música caipira “de verdade”, aquela feita pelo próprio caipira, que retratava a vida no campo e com uma tendência sempre muito forte para questões de devoção religiosa.. Era uma música tocada em toada lenta, acompanhada de uma viola, e interpretada em sua maioria por duplas. O canto em grupo, que também existia, era influência direta das folias de reis, tradição portuguesa trazida ao Brasil ainda na época da colonização. (...)
As mudanças foram acontecendo ao longo dos anos, mas nenhuma geração de cantores deixou de relembrar essa origem. Até mesmo as novas duplas de hoje, muito criticadas por supostamente descaracterizarem o sertanejo, continuam fazendo regravações de canções muito antigas. (...)
Também da rica história musical do Rio Grande do Sul, a música sertaneja extraiu e adaptou muita coisa. A presença constante da sanfona é o que sempre manteve as duas culturas muito próximas, e o que possibilitou que elas se misturassem. (...) Entre os ritmos que foram incorporados ao sertanejo, o rasqueado é um dos ritmos nacionais até hoje mais próximos de sua origem. Consta que surgiu no Mato Grosso. (...)
Se a definição fosse seguida à risca, música sertaneja designaria a música feita no sertão nordestino. Não é preciso dizer que não há sertão em São Paulo, onde nasceu a música sertaneja. (...) A aproximação da música nordestina, como o xote e o baião, dos artistas sertanejos deu-se naturalmente por conta das letras com temas semelhantes e da presença constante da sanfona. (...)
O bolero, um ritmo espanhol, existe no Brasil independentemente da música sertaneja. Como o bolero é essencialmente romântico, era natural que os estilos se misturassem. (...) Mesmo com as mudanças na música sertaneja a partir dos anos 2000, com novos nomes aparecendo, os artistas mantiveram alguns boleros em seus repertórios.
De seu primeiro disco solo, “Tempo”, de 1999, até os dias de hoje, o cantor Leonardo mudou muito pouco.
A música sertaneja pode dar quantas voltas quiser, que ele continuará, firme e forte, apostando em seu romantismo com seu jeito sereno de cantar. Dos artistas remanescentes dos anos 90, o cantor é um dos únicos que não tentou se adaptar a uma nova realidade do mercado sertanejo. O que poderia ser criticado como um atraso, uma forma inadequada de administrar a carreira, garantiu sua consagração como artista solo, em 12 anos de estrada. Com mais de duas décadas de mídia, Leonardo é um dos cantores mais respeitados nacionalmente, não só na música sertaneja. A seu favor, conta a ausência de rejeição de vários públicos, algo difícil, buscado por todos os artistas.
Em 2009, uma participação no show de gravação do DVD de João Bosco & Vinícius causou histeria nas 30 mil pessoas presentes. Nem o próprio cantor esperava. Eram milhares de jovens, muitos nascidos quando Leandro e Leonardo já eram sucesso, gritando ao verem sua imagem no palco, ao som de “Deixaria tudo”.
Essa característica de artista atemporal, com canções que não se prendem a nenhuma época específica, teve um bom exemplo em 2010.
No segundo semestre, a canção “Que é” figurou diversas vezes nas listas das dez mais tocadas no país. Provavelmente, muita gente que ouviu a música não fazia idéia de que ela já havia sido sucesso, quase vinte anos atrás, com Leandro & Leonardo, em um cenário musical completamente distinto.
A ausência quase total de polêmicas em sua carreira e na vida pessoal reforçou sua imagem positiva, e fez com que sua aceitação atingisse públicos que não consomem música sertaneja, mas a quem sua imagem, invariavelmente descontraída, agrada.
Leonardo trabalha, atualmente, o décimo quinto álbum solo, “Alucinação”, que marca sua volta aos estúdios após o DVD ao vivo gravado em São Paulo. O trabalho seguiu o padrão já conhecido do cantor: músicas lentas e românticas, e um espaço reservado para canções animadas, geralmente com letras bem-humoradas.
Aos amantes da música sertaneja mais tradicional, três faixas agradarão em especial: “Camisa branca”, gravada pelo Duo Glacial, “Garça branca do Araguaia”, composição inédita de Fátima Leão, e “Tocando em frente”, regravada ao lado de Paula Fernandes.
Mesmo com o mercado de discos já não tendo a mesma força de antigamente, Leonardo sempre se manteve como um dos mais vendidos, desde a época do Leandro & Leonardo. Os números chamam atenção: 12 milhões de cópias, 12 anos como cantor solo. Média de 1 milhão de cópias vendidas por ano.
(MÚSICA SERTANEJA uma paixão brasileira – volume II)


A verdade é que assunto nunca me faltará sempre que eu pretender escrever sobre Leonardo
ou sobre a eterna dupla Leandro & Leonardo.
O tempo é quase sempre meu grande inimigo nessa tarefa,
mas quando queremos porque queremos realizar esses compromissos que escolhemos nos impor
não há falta de tempo que nos impeça, não é?
E quando a razão desse tanto querer responder por um compromisso autoimposto
é o amor por alguém que entende muito de viver na correria, voando de cidade em cidade,
driblando qualquer cansaço para nos alegrar com sua música e sua presença,
então não pode mesmo haver nada, nem mesmo falta de tempo,
que justifique o abandono de um compromisso.
Mesmo que seja apenas com um jornalzinho virtual, brincadeirinha de fã,
mas que já está em seu 11º ano de insistência em chegar aos fãs dos nossos amados goianos
Leandro & Leonardo.

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