EM NOME DO AMOR

jornal virtual
Leandro & Leonardo
LEONARDO

nº 148 – 15 outubro 2012
redação e produção: Vera Marchisiello
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vmllena@terra.com.br







Desde muito tempo sou meio viciada em ouvir música sertaneja em rádio de TV por assinatura. Sempre variando entre gravações recentes e aquelas retiradas do baú, essa opção me trazia seguramente 95 por cento de músicas que me alegravam, relaxavam e agradavam muito. A presença de Leandro & Leonardo, Pedro & Thiago, Sérgio Reis, Chitãozinho & Xororó, Almir Sater, Gian & Giovani e muitos daqueles sertanejões da antiga eram garantia de um bom repertório. De alguns meses para cá fui observando a introdução de novas vozes e de muito do chamado sertanejo universitário. Como gosto não se discute, posso dizer aqui que prefiro o sertanejo puro e aquele sertanejo romântico das duplas que formaram os Amigos, assim como o gravado por Leonardo em sua carreira solo. A mudança que começou aos poucos de repente deu uma arrancada a tal ponto que hoje no máximo 40 por cento das músicas mostradas são aquelas que eu gostaria de ouvir. Resumindo, acho que vou desistir de sintonizar essa rádio sertaneja do meu canal de TV por assinatura.
Há cerca de dois ou três anos Leonardo vem falando em pequenas entrevistas da dificuldade para escolher boas músicas para gravar. Tenho que concordar. Recentemente ele comentou com Jô Soares a possibilidade de vir a gravar um CD de antigos "bolerões". Imediatamente o assunto tomou a rede virtual gerando grande expectativa por parte dos fãs. Só vi entusiasmados elogios a essa sua idéia e muitas sugestões incluindo sertanejo de raiz. Foi muito citado aquele despretensioso CD/DVD familiar gravado pela família Costa apenas para presentear amigos mas que acabou vazando no YouTube, sabe-se lá postado por quem mas com ótima repercussão. O fato é que ali há músicas que os fãs adorariam ouvir cantadas por Leonardo. Eu confesso que curtiria muito. Acho que Leo se saiu excepcionalmente bem em músicas como "Saudade de minha terra", "Nuvem de lágrimas", "Alma transparente", "Cicatriz", "Nervos de aço", "Carta sobre a mesa", "Aparências", "Lágrimas de um homem", "Falando às paredes" para citar apenas algumas e "Colcha de Retalhos" e "Eu e a viola", gravadas com Leandro em CDs de Chitãozinho & Xororó e de seus irmãos Karlos & Allessandro, respectivamente. No Domingão do Faustão, algumas vezes Leonardo cantou músicas de raiz. Sucesso total. Acho mesmo que ele nos deve um projeto especial com "as preferidas de seu papai Avelino" (risos).
Agora, para agravar o problema da dificuldade para selecionar um bom repertório, há a questão das gravadoras, com muitos cantores lançando músicas para vender pela internet. Muito sensível e atento aos seus fãs, Leonardo resumiu bem esse momento numa pequena entrevista em 15 de setembro, antes do show em Arrozal, RJ:

"Eu ia gravar agora, mas está um perrengue esse negócio. O povo das gravadoras não quer mais gravar CD; eles estão gravando só uma música e jogando na rede e um clipe e não sei mais o quê... A música está sofrendo muitas mudanças. Eu estou na expectativa. Vamos ver se vamos fazer um CD ou se uma música só. O povo aguarda um CD, assim como todo artista gosta de gravar todo ano. Eu nunca deixei de gravar. Eu estou vendo aí essa mudança na música para ver o que vamos fazer."

Sou parte desses fãs que aguardam um novo CD, sou daquelas que toda semana pelo menos uma vez pegam um DVD para relembrar um dos seus poucos shows gravados. Também estou entre os que estão sempre reclamando das suas raras, muito raras, participações em programas de televisão.
Felizmente Leo não poupa esforços quando se trata de prestigiar seus amigos ou dar força a artistas em início de carreira, participando de seus CDs e DVDs. Mesmo agora quando já fala em parar de cantar e se manter na música apenas como empresário, em 10 de outubro ele participou da gravação do segundo DVD da dupla goiana Israel & Rodolffo.
Nos bastidores desse show em Goiânia Leo gravou entrevista em que falou desse momento de decisões em sua vida:

"A vontade de me aposentar é muito grande porque já são 27 anos de carreira. Então eu estou estudando a possibilidade, me preparando para dar uma afastada dos palcos, da estrada. Eu sei que é muito difícil. A gente falar assim é fácil, mas há a música que está no sangue da família, há os amigos que não querem deixar. Mas estou me preparando aí para, quem sabe, num futuro próximo."


Foi em 05 de abril deste ano, numa entrevista em Cuiabá exibida pelo Programa Vip, que pela primeira vez vi Leonardo falar em parar de cantar. Ali ele argumentou que seu filho José Felipe está caminhando para vir a ser o novo cantor desse família de talentos e que ele, como pai e profundo conhecedor das dificuldades dessa vida na estrada, começa a pensar que está na hora de se dedicar a preparar e encaminhar seu terceiro filho artista. Para quem não sabe, além do cantor Pedro Leonardo, seu filho mais velho, Leo é pai também do ator João Guilherme (10 anos), protagonista do filme "Meu pé de laranja lima", que estará em breve nos cinemas.
Por mais que tenha sido várias vezes perguntada, sempre evitei dar minha opinião e foi quietinha no meu canto que vi grande rebuliço na rede virtual, muitos fãs não só pedindo mas quase exigindo que Leo continue cantando. Por mais que nos doa, acho que essa já é uma decisão por demais difícil para que se acrescente qualquer pressão. Entendo suas razões e fico apenas observando e analisando não somente suas palavras mas também sua expressão ao responder a pergunta que mais tem ouvido ultimamente. O que tenho observado é que ele está muito consciente do que quer mas também sabe que depois de 27 anos nesse ritmo não será nada fácil se afastar dos palcos.

A morte prematura de Leandro deu a Leonardo duas opções: largar tudo ou continuar a carreira arduamente construída ao lado do irmão. Ao optar por continuar, ele mergulhou fundo no trabalho, santo remédio para sua vida, e talento aliado a tamanha garra fizeram dele esse artista adorado que mais fãs vem levando aos shows ano após ano. Foi uma grande responsabilidade que ele soube honrar com dedicação total.

Em abril deste ano, o acidente que quase levou seu filho Pedro e o milagre de sua recuperação me parece terem reafirmado em Leonardo a fragilidade de nossa existência aqui na Terra, fazendo com que ele tente de forma mais decisiva estar perto da família, para isso tendo que superar os obstáculos que os compromissos profissionais lhe impõem.
Eu sempre disse aqui que ele é quem menos usufrui de tudo de bom que construiu. Foram poucas as viagens para o Exterior que pode fazer com sua família. Avião faz parte do seu dia-a-dia, sim, a trabalho, seja em lindos dias de sol seja debaixo de muita chuva, como ele mesmo diz, "chacoalhando, batendo carroceria por esse mundão afora". Gosto muito de ver suas fotos em momentos de lazer, mas são tão raras!
Acredito que faltando um ano para chegar aos cinquentinha, Leonardo esteja percebendo que o tempo vai passando e levando momentos não vividos de que agora começa a sentir mais falta. Vejamos o que ele disse a Serginho Groisman no Altas Horas gravado em 27 de setembro:
"Estou meio cansado da estrada, sabe? Já vou fazer 30 anos de estrada. A quantidade de shows que ainda faço está meio pesada pra mim. Eu faço em média 120 shows por ano. Acabam sendo 10 a 12 por mês, porque dezembro e janeiro a gente não canta. Então faço às vezes mais de 13 shows num mês. A carga está meio pesada. De vez em quando dá uma preguiça danada. Aí penso em parar de cantar e mexer com outras coisas também dentro da música, porque da música eu não dou conta de sair nunca, porque isso é uma cachaça lascada!
O pessoal pergunta porque eu não aumento o cachê. Aumentar cachê não vale, não concordo porque se aumentar o povo fica reclamando. Acontece que pinta um show, o cara fala que quer que eu vá cantar em tal lugar, aí já tenho 13 ou 14 shows naquele mês... Fazer 15? Aí eu falo: vou lá. Não é pelo dinheiro, porque eu tenho uma carreira super vitoriosa, graças a Deus, mas eu penso que se Deus botou esse contratante na minha estrada é porque Ele quer que eu vá fazer o show. Então eu vou. Estou nesse dilema. Não sei se eu dou uma diminuída ou paro de uma vez. Pelos empresários, eles querem que a gente continue."


Falar em reduzir a quantidade de shows ele já falou algumas vezes. E não conseguiu. Acho que em sua resposta a Serginho Groisman a razão ficou bastante clara. Leonardo chegou a um patamar em que outros artistas talvez facilmente optassem por aumentar o cachê como forma de reduzirem a quantidade de shows sem, entretanto, verem seus ganhos anuais diminuídos. Sensível e respeitoso com seu público, ele descarta essa hipótese.

Seu escritório Talismã, que criado para administrar sua própria carreira hoje agencia e faz crescer vários artistas, pode ser um caminho natural para que Leonardo continue envolvido com a música mas com maior liberdade para viver sua vida dando e recebendo carinho de sua família e daqueles a quem ama.

Reduzir pela metade a quantidade de shows de estrada, fazendo curtas temporadas em grandes casas de espetáculo nas principais capitais de modo a proporcionar a seu público mais fiel a oportunidade de vê-lo e, ao contrário, aumentando um pouco a participação em programas de televisão, pode também ser uma opção.

Onde pode estar a saída? Espero que Leonardo a encontre seguindo seu coração, protegido e orientado por Deus, iluminado por aquela Luz chamada Leandro que tem estado presente em sua vida de forma mais do que comprovada.
Carmem Divina Costa
Neste dia 19 de outubro,
essa mãe amada por todos os brasileiros
e admirada além das nossas fronteiras
completa mais um ano de vida e sabedoria.
Que num abraço apertado
seus filhos possam lhe dar
o tão merecido carinho.
Que seja um dia abençoado em que sua sabedoria
possa reforçar em seu filho Leonardo,
o nosso Leo,
a coragem de que tanto precisa para seguir o caminho que seu coração mandar.




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