EM NOME DO AMOR

jornal virtual
Leandro & Leonardo
LEONARDO

nº 160 – 15 outubro 2013
redação e produção: Vera Marchisiello
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vmllena@terra.com.br







Nem sei por onde começar! Dizer que li e reli não é contar novidade alguma. Quem não o fez? Só mesmo quem ainda não conseguiu adquirir o livro mais aguardado do ano. Se o mais aguardado, felizmente foi também um projeto que rapidamente se tornou realidade. Do dia em que pela primeira vez ouvi algo a respeito de um provável livro até o dia de vê-lo à venda não se passaram dois meses. Mesmo que tenha nascido e começado a ser desenvolvido alguns meses antes, o fato é que em curto espaço de tempo Leonardo conseguiu enriquecer nossa vida com esse verdadeiro tesouro. Talvez só quem é fã entenda o que afirmo.
Não vou me deter sobre o conteúdo da obra em respeito àqueles que ainda não a leram. Não posso, entretanto, deixar de comentar minha primeira sensação, logo na primeira página: a impressão que tive foi de estar sentada junto a Leonardo, o ouvindo contar sua história.
Sílvio Essinger, que deu forma ao relato coração aberto de Leonardo nos permitiu sentir com intensidade as palavras desse goiano amado por meio mundo por sua arte, sua voz, suas músicas, é verdade, mas ainda mais amado pelo seu jeito de ser e de levar a vida.
Quando eu mal havia iniciado a leitura e a emoção já começava a me pegar em cheio (ora, ora, impossível isso não acontecer!), percebi que a razão daquele meu 'nem piscar' realmente não era só o conteúdo, mas muito também a forma de 'ouvir' aquelas histórias. Foi quando, dando uma parada, li o que Ana Maria Braga, que tão bem o conhece e tem por Leonardo grande amizade e justificada gratidão, escreveu:

ETERNO é o Leonardo,
também Emival.
A impossibilidade de parar de ler a história do meu amigo Leonardo, depois que comecei, me pegou de surpresa. Quando fui convidada pela Ede para falar do meu amigo, fiquei imaginando como seria escrever sobre um homem tão singular. Criativo, engraçado, amigo dos amigos, tímido, simples, sofrido... feliz.
Mas o Sílvio Essinger conseguiu um feito delicioso: quem conta e fala ao nosso ouvido é o próprio Leo. Vai descrevendo com detalhes e simplicidade toda uma trajetória de 50 anos de vida, desde sua infância cheia de traquinagens até hoje, homem de sucesso e paixão nacional. Consegui através das palavras viajar no tempo e me parecia estar do lado dele, rindo, chorando e cantando toda uma vida. Se você não teve o privilégio de estar com o Leonardo pessoalmente, ao ler este livro, vai saber exatamente como ele é, o que pensa e sente. Transparente como a luz do dia, com uma alma de artista. Estou orgulhosa e feliz de fazer parte de um pedacinho do meu grande amigo.
Te amo, menino.


Recheada por fotos em preto e branco, algumas inéditas, outras até aqui pouco divulgadas, a história flui de forma simples, com a transparência tão característica do nosso Leo, seguindo a ordem cronológica dos fatos. Histórias engraçadas, confissão das suas traquinagens, mesmo que algumas eu já o tenha ouvido contar, ainda assim me divertem pela sua forma sempre divertida de recordá-las.
Ao mergulhar na tristeza da perda do irmão Leandro, fica muito claro o quanto Leonardo lutou para tocar a vida e a carreira, mas na verdade o fez sem muita noção do dia-a-dia. Se a narrativa, nesse ponto, acaba se perdendo um pouco da real sequência dos fatos, ela se torna ainda mais verdadeira ao deixar transparecer muito claramente toda a dor vivida. Só mesmo um tão forte Leonardo para remexer em histórias tão duras, seja a da perda do Leandro, seja a do acidente com seu filho Pedro.
Enfim, a verdade está ali. Não somente a verdade dos acontecimentos, da sua história de vida, mas a verdade de uma cabecinha com a alegria de um menino mas tão séria desse homem incrível que com transparência soube atravessar as derrotas, conquistar vitórias e chegar aos 30 anos de carreira com a felicidade de ter podido dar à sua família um conforto talvez até nunca sonhado e ao nosso povo uma alegria ímpar.

QUANDO A
ENXURRADA
DE MEMÓRIAS
E TODA
AQUELA VIAGEM
PELO PASSADO
TERMINOU ...
Sim, foi em poucas horas que pareceram minutos que devorei cada palavra, sinônimo de emoção, desse NÃO APRENDI DIZER ADEUS. Quando vi chegar o último capítulo, com perfeição chamado de PARA NUNCA DIZER ADEUS, não pensei que ainda passaria por mais uma lição de sabedoria. Não, não vou falar sobre o que meu coração disparado sentiu ao final. Respeito aos que ainda não leram? Sim, também. Espero apenas que os que já leram saibam registrar em local de muito fácil acesso na mente e no coração as sábias palavras desse ser tão especial chamado Leonardo.


UMA HISTÓRIA SEM FIM (por Sílvio Essinger)
Este livro foi feito para contar uma história. Ou melhor, para contar as várias histórias dos primeiros 50 anos de vida de Emival Eterno, o Leonardo, um tímido lavrador do interior de Goiás que descobriu u ma voz de ouro e saiu pelo Brasil e pelo mundo com seu irmão Luís, o Leandro, cantando as canções de um povo que trabalha, sofre, reza, ama e nunca perde a esperança. Todo esforço foi feito para entrar na cabeça desse eterno menino, envergonhado mas muito brincalhão, com um coração do tamanho do mundo, que enfrentou a pobreza, o preconceito, todas as perdas e intempéries do destino, para seguir levando alegria e sonho ao seu público. Leonardo é um dos melhores contadores de histórias que esse autor já conheceu, e era fundamento que sua fala, seu pensamento, sua comovente visão do mundo fossem respeitados no relato. E as histórias fluíram. Para um escritor que entrou no projeto sabendo apenas aquilo que todo mundo sabe sobre a história de Leonardo, foi necessário, além de um bocado de papo (sempre prazeroso) com o artista, uma pesquisa rigorosa e uma imersão na sua obra e no seu universo.
Foi inevitável deparar-se com os milhões de discos vendidos, os grandiosos especiais de TV, as multidões nos shows, a fama pura e simples. Algo importante, sim, para comprovar a força da arte que Leandro e Leonardo construíram, contra todos os empecilhos de um Brasil culturalmente voltado para as grandes cidades e o litoral. A trajetória de Leandro e Leonardo segue aquela do crescimento econômico e da consolidação da democracia de um país ainda cheio de problemas, mas que, nos últimos anos, teve sucesso em incorporar (como consumidores e, em menor grau, como cidadãos) fatias significativas de uma população marginalizada, esquecida. A dupla de Goianápolis deu voz e visibilidade a esse povo que, aos poucos, veio surgindo no radar dos governantes e empresários.
Por outro lado, o autor foi brindado com a descoberta de uma personalidade cativante, de um artista que se faz grande e rege milhares de apaixonados, mas que, no momento seguinte, volta a ser aquele menino pensando na próxima traquinagem. Além da voz, imensa, sem barreiras, Leonardo tem a perfeita compreensão do que é ser artista. Acima de toda vaidade, de todo o deslumbre que a fama proporciona, está nele a capacidade de comunicar-se com o público, de saber o que toca lá fundo. Leonardo é humano, demasiadamente humano. Ele bem sabe que não basta ter a melhor canção, o melhor arranjo, se não sentir o que está cantando e deixar bem claro que está sentindo. Não adianta toda correção do português, toda a poesia, se você não tiver a certeza de que o Leonardo está falando diretamente com você. Isso, ele sabe fazer como poucos.
É uma grande honra ser escolhido para escrever o livro de um dos maiores artistas da música desse Brasil. Mas qualquer pessoa que for chamada para encarar tal desafio só se sentirá verdadeiramente realizada com uma coisa: conseguir atingir, com sua escrita, metade que seja do poder de sedução que esse sujeito chamado Leonardo exerce quando abre a boca. Sendo assim, o autor só pode esperar que a leitura tenha cumprido todas as expectativas do distinto público.

Claro que cumpriu! Agora vamos cobrar o prometido filme, não é Leo?
Se o livro está essa maravilha toda, fico imaginando um filme!


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