EM NOME DO AMOR

Os dois artistas se identificam pela simplicidade e descontração. Hoje, amigos e vizinhos de condomínio em Goiânia, eles se conheceram por acaso. Eduardo era fã de Leonardo que, quando o encontrou pela primeira vez, na rua, ao descer do carro indo para um estúdio fotográfico, a ele se dirigiu cantando trecho de seu sucesso 'Acabou o amor'. Para Eduardo Costa, um susto a simplicidade do ídolo; para Leonardo, apenas o reconhecimento de um talento que começava a tomar conta do público. Nascia ali uma grande amizade.
'Cabaré'... um sonho realizado é ver o sucesso estrondoso e já premiado desse projeto paralelo à carreira de Leonardo. Com o amigo Eduardo Costa, ele lançou a tournée no Citibank Hall, SP, com uma entrevista coletiva que mais parecia uma conversa entre amigos.

'Cabaré' é um projeto eterno, a gente pretende nunca acabar com ele. Não que se vá gravar todo ano, mas de dois em dois anos talvez, até para não banalizar o projeto. Com certeza esse é um projeto que a gente pretende nunca tirar das nossas carreiras. Então, querendo ou não, o Leonardo vai sempre ter que me dar um dinheirinho. (Eduardo Costa)

Sempre que nos reunimos para cantar fora dos palcos, o Eduardo já faz a segunda voz. A segunda dele é perfeita. Eu tentei fazer a segunda em umas duas músicas; não cheguei nem perto. Deixei com ele. (Leonardo)

Nós somos desprovidos dessa coisa de vaidade de voz. O importante é fazermos a música ficar bonita e as pessoas se identificarem com ela. Não importa quem faz a primeira, quem faz segunda. Nessa nossa dupla é assim. (Eduardo Costa)

Esse trabalho foi feito sem pretensão nenhuma de estourar. A gente queria fazer um trabalho pra gente. Do meu ponto de vista e tenho certeza que também do ponto de vista do Eduardo, a gente gosta de cantar isso, essas músicas. A gravadora viu mais adiante comercialmente. Eles pagaram todo o trabalho do nosso DVD e a gente gravou com muito amor e carinho. Acho que eles já sabiam que ia dar um sucesso. Eu confesso que esperava que fosse um belo trabalho, porque a gente não faz coisa ruim, mas esse pipoco que está dando aí na boca do povo eu não esperava isso tudo não. No ano passado nós fizemos uns cinco shows juntos. Mas assim, eu fazia o meu show, o Eduardo fazia o segundo show e lá pela metade ele me chamava ao palco e nós cantávamos umas seis músicas. Eram esses bordões que nós gravamos, e a gente via a euforia do público. (Leonardo)

Esse DVD foi feito em quinze dias. Ele existia na nossa cabeça, mas era só história. Só virou projeto mesmo quando Leonardo mudou de gravadora. Leonardo montou um primeiro repertório e gravou uma voz guia, porque eu estava fazendo shows longe. Não foi nada ensaiado. Só mesmo as músicas e só umas quatro vezes, porque já cantávamos em casa. Nós participamos dos mínimos detalhes desse DVD. Participamos de tudo, de tudo. As piadas foram todas improvisadas; o repertório foi escolhido durante a gravação. O Leonardo foi mais responsável pelo repertório que eu. Ele dizia: vamos cantar modão, música sertaneja. (Eduardo Costa)

Todo mundo já gravou as músicas que nós agora gravamos, mas nunca assim, dois cantores solo que se uniram para fazer um projeto. (Leonardo)

Cantar em dupla... Foi e está sento emocionante. Eu até me seguro bastante na hora em que estou cantando, o Eduardo bem sabe disso, porque vêm as lembranças do meu irmão. Muito. A segunda voz que o Leandro fazia pra mim... O Eduardo é um belo de um parceiro de segunda voz nesse projeto. A gente sabe do potencial dele... Eu lembro muito do meu irmão e vejo a falta que ele faz, a importância que ele tinha na minha vida musicalmente. Como a segunda voz é importante numa dupla sertaneja! É muito gostoso cantar em dueto, é muito legal a gente ter aquela confiança no companheiro, um no outro. A peteca cai de um lado, já olha pra gente e fala: Olha, vai tu, porque aqui... É bom demais ter essa cumplicidade! Estou muito feliz por ter gravado com o Eduardo e ter feito esse projeto. (Leonardo)

Já estamos ouvindo por aí um buchicho de que vão unir fulano com beltrano... Eu fico feliz que tenhamos sido nós a dar esse start nesse projeto. Mas nossa história é outra. São dois artistas solo que se juntaram para fazer um projeto. (Leonardo)

E sem pretensão. Não foi um projeto para ir juntar dinheiro debaixo do colchão. Foi um projeto pra gente. E pra dar de presente para amigos. O que me inspirou foi um CD que o Leonardo gravou para a família dele, para dar de presente para os amigos. Não para vender. Não tinha preço. Foi um CD que ele gravou com os pais e os irmãos. Eu pensei assim: eu vou gravar um CD desses com o Leonardo e vou dar de presente para os amigos. Só para satisfazer nossa vontade de gravar juntos. (Eduardo Costa)

E se sobrar a gente vende! (Leonardo, aos risos)

Eu sou apaixonado pelas músicas do Leonardo. Ele em dupla com o irmão Leandro foi que me inspirou. Então, não foi um projeto escolhido. O importante é as pessoas saberem que nós brincávamos com isso em casa. Todas as pessoas que assistiam a gente cantando junto diziam que tínhamos que gravar juntos. As pessoas tanto falaram que eu fiquei com isso na cabeça. Teve um vídeo que nós gravamos em casa e que explodiu na internet.Aquilo foi o maior sinal. E foi uma coisa natural. Foi de um dia em que o Leonardo saiu lá de casa às sete horas da manhã. (Eduardo Costa)

Naquele dia eu fui pra casa do Eduardo depois das nove da noite. Eu disse que não podia beber porque tinha que fazer o Faustão no dia seguinte e não podia ficar de cara inchada. Sentei e fiquei tomando café e comendo um bolo e vendo o DVD dele, solo. Pelas duas da madrugada ele pegou o violão e sentou perto de mim. Aí falou: Vamos cantar uma das antigas? Aí pensei que com café... Começamos a cantar 'Vestido de seda' e a tomar whisky. E o cara gravou! Saí de lá às sete, pra casa, tomar café... (Leonardo)

No meu DVD eu gravei uma música com Leonardo, 'Separação', e lá, durante uma música, ele gritou: Pega fogo, Cabaré! Isso virou bordão que todo mundo começou a colocar em música. Acho que daí o nome desse projeto. (Eduardo Costa)

Eu acho que esse projeto 'Cabaré' veio a calhar para Leonardo e Eduardo Costa porque nós dois temos fama de tomar umas cachacinhas, contar umas piadas, virar noite... Acho que outros artistas, se tivessem gravado, talvez não teria dado tão certo. Pode até ter artistas que cantem melhor do que nós mas as caras deles não condizem com esse projeto. É como esperar me ver pegando um copo de leite. Não vai ver nunca! (Leonardo)

Não tem nada nesse DVD de que eu me arrependa. Pra mim, foi tudo do jeito que Deus mandou. Eu acho que hoje a dificuldade para um próximo, que a gente pensa fazer, seria superar um trabalho desses. Hoje, mais do que no começo, a gente põe ele pra tocar e vê que era exatamente isso que tinha que ser feito. (Eduardo Costa)

Vai ser um ano muito corrido devido à minha carreira solo e também a do Eduardo. Nós somos três artistas agora: Leonardo, Cabaré e Eduardo Costa. Dois solos e esse projeto. Eu não vou deixar de fazer os shows solo, até porque eu tenho uma banda pra criar, tenho família, tenho que ir em casa... Mas o 'Cabaré', pra mim, não é um trabalho. É um prazer estar fazendo esse projeto 'Cabaré'. Cantar isso tudo aí é muito gostoso. (Leonardo)

Estes foram apenas alguns momentos da entrevista concedida no dia cinco de março no Citibank Hall. O clima da coletiva foi íntimo, risadas de todos, na verdade um bate-papo totalmente informal entre jornalistas e cantores como se fossem todos velhos conhecidos conversando e 'tomando umas' no quintal de casa. Como definiu uma jornalista de Arapiraca que se declarou fã desde o início da carreira da dupla Leandro & Leonardo: "Vocês têm esse diferencial, vocês têm essa característica da simplicidade. Isso é muito bonito num artista. Com toda essa consagração, vocês têm essa simplicidade com todos nós, com os jornalistas. É incrível, e eu acho que isto também faz desse trabalho todo esse sucesso."

Ao que disse a jornalista eu acrescentaria que eles mostram essa simplicidade durante o show. Mais que simplicidade, deixam clara a verdade de suas vidas. Se não posso afirmar quanto a Eduardo Costa por até aqui não ter acompanhado sua carreira, sobre Leonardo não tenho dúvida do quanto é uma pessoa absolutamente normal, simples como se não fosse famoso, com dias em que está mais animado, mais comunicativo, em outros um pouco mais sério, enfim, como qualquer um de nós.

Na gravação do DVD 'Cabaré', os dois fizeram questão de até mesmo 'tomar umas pingas' ali no palco, buscando a maior veracidade do clima proposto. Isto, sim, é artista que vive a música e se entrega à carreira e, portanto, merece todo esse amor, não só dos fãs mas até mesmo dos profissionais da imprensa que, mais do que simplesmente cumprirem a pauta que lhes é proposta, aproveitam o momento de uma coletiva para soltar o lado justificadamente tiete.

Agora Leonardo e Eduardo Costa seguem Brasil afora com a turnê 'Cabaré', e os primeiros shows mostraram que estamos diante de um fenômeno mercadológico. Mas eu prefiro dizer que em se tratando desses dois artistas cantando um repertório tão especial e esperado pelos fãs, nada foi surpresa.

Que Deus os mantenha assim, Leonardo e Eduardo Costa, amigos de verdade e companheiros de palco, sempre abençoados pelo sucesso mais do que merecido.