EM NOME DO AMOR

"Amigo, você é o mais certo das horas incertas..."
Hoje ouço este verso com uma outra conotação, talvez um peso maior,
consequência das experiências vividas.

HORAS que, se não incertas, serão sempre de tristes recordações, aquelas que a cada mês de junho nos remetem e mais ainda Leonardo a reviver na memória os dias em que em 1998 cada hora podia ser aquela em que Leandro partiria sem que tivéssemos como aprender a dizer adeus.

Coincidência do destino, exatos 17 anos
após aquele 24 de junho
em que o povo brasileiro, em multidão,
deixou de lado até mesmo um jogo de futebol
de Copa do Mundo para se despedir de Leandro,
o mundo sertanejo perdeu uma de suas
mais promissoras estrelas,
Cristiano Araújo.

Aos 29 anos, Cristiano Araújo, que teve a carreira alavancada por Leonardo , morreu tragicamente no último 24 de junho, levando cerca de 50 mil pessoas à sua despedida e deixando muitos outros milhares de brasileiros chocados com a partida tão precoce de um quase menino por quem, gostando ou não do sertanejo universitário, não tínhamos como deixar de ter uma grande admiração por sua conduta, alegria e reconhecida bondade.

Ele será sempre lembrado por sua doação de 2 milhões de reais para o Hospital de Câncer de Barretos, mesmo ainda não estando com a fortuna que certamente viria a conquistar. Aí vemos um Zeca Camargo, até aqui um bem conceituado jornalista e apresentador global, falar as bobagens que falou, que não merecem sequer nossos comentários, levando os cantores sertanejos a uma reação inédita e mais do que justificada. Os artistas desse segmento que melhor representa a música de nosso país, sempre amigos e da paz, reagiram de forma muito apropriada, o que levou Zeca Camargo a fazer uso de espaço no Vídeo Show para tentar se desculpar, o que resultou não só forçado como ainda pior do que em seu texto veiculado pela Globo News.

Interessante - ou triste, muito triste? - é que a comoção nacional pela morte de Cristiano Araújo tão criticada, sem nenhum fundamento, por Zeca Camargo pode ser explicada principalmente pela união dos artistas sertanejos, união essa desconhecida pela "elite"musical sempre tão considerada e elogiada pelo jornalista. Só para lembrar, os cantores da MPB que lá pelos anos 60 / 70 criticavam a Jovem Guarda e geraram movimentos musicais de curta duração mais tarde foram render homenagens a Roberto Carlos. Recentemente, unidos em defesa da censura prévia no caso de biografias, entretanto logo se desentenderam, não só entre eles mas até mesmo com Roberto. Amizade? Conhecem? Nenhum deles manifestou pesar pela morte de Cristiano Araújo, como também não vimos acontecer quando o Brasil perdeu Leandro.

Enquanto isso, Leonardo, abatidíssimo, cancelou gravação agendada para a tarde do dia 24 na TV Globo e, numa data para ele já tão difícil pelas lembranças de 1998, compareceu ao velório de seu afilhado musical. Na noite seguinte, 25 de junho, mesmo muito abalado, uniu forças com seu amigo Eduardo Costa para apresentar no Rio o show Cabaré. A forma encontrada para de forma leve homenagear Cristiano Araújo foi com seu sucesso Bará Bará, música alegre que nem assim teve força para conter as lágrimas do nosso Leonardo, que, como diz a letra da música Amigo, tem "cabeça de homem mas o coração de menino".

Em entrevista antes do show,
Leonardo disse:

"Fiquei chocado. Uma notícia muito ruim. Um grande amigo. A gente viu nascer, crescer, musicalmente também. É muito doído ver a comoção do povo. A gente só não pode dizer que não dá para aceitar porque isso é coisa de Deus. Ele traz e leva na hora que quer. É muito doído perder um ídolo tão precocemente. Ele ainda tinha muito para oferecer. Era um gênio, uma voz ímpar, um vozeirão danado, uma alegria. O que Neymar tem nas pernas de alegria jogando futebol Cristiano tinha na voz cantando."

Realmente, a união entre os cantores sertanejos faz a diferença, como querendo dizer que é preciso dar valor à amizade para poder fazer parte desse grupo, mais que musical, humano, de artistas que dão o melhor de si em seus trabalhos, alcançam o sucesso pelo qual batalharam, mas continuam vivendo sem deixar que a fama os sufoque, tendo na amizade e na convivência um de seus grandes valores. Acho que posso afirmar com total certeza que Leonardo é dentre todos esses artistas o mais acarinhado, certamente em parte pelo que sofreu ao perder o irmão e parceiro Leandro, mas não só por isso. Ele é um exemplo do exercício da amizade.

Como resultado desse seu jeito amigo de ser, de sempre buscar conviver com os amigos, artistas ou não, acabou nascendo o projeto Cabaré, parceria com o vizinho e amigo Eduardo Costa. Das noitadas de cantoria em casa para o palco foram poucos meses se considerarmos a grandiosidade do trabalho que resultou no DVD mais vendido desde seu lançamento.

Faltava um pouquinho do Cabaré ao vivo na TV. Foi o que tivemos agora. Bom demais!

Foram 35 minutos de talento e brincadeiras no palco. Leonardo fazendo graça de tudo, até do fato de estar usando óculos parcialmente escuros por estar com um problema na vista, segundo ele causado por areia, já que agora é jogador de footvolley, ou por cachaça, segundo Eduardo Costa.

As brincadeiras entre Leonardo e Eduardo Costa não foram
os únicos momentos que nos levaram a rir.
Pessoas da equipe dos dois artistas contaram casos engraçados. Haja história!
Mas acima de tudo, como há carinho entre Leonardo e sua equipe!

Assim vamos chegando ao dia do aniversário do goianinho mais amado do Brasil.