ENTREVISTA AO "SHOWCASE"
gravada em fevereiro / 1999 nos EUA - no ar pela CMT em 02 / 09 / 16 e 23.05.1999

(transcrição do texto original do DVD, respeitada a linguagem coloquial e regionalismos)





Bom, gente, eu sou o Leonardo e quero dizer a vocês que vamos estar juntos
e vou contar um pouco da minha vida pra vocês, da nossa história. Tudo aqui no Showcase, tá bom?


O INÍCIO
Eu nasci no interior de Goiás, numa cidade chamada Goianápolis, e a minha profissão antigamente era plantador de tomate, agricultor. Eu, o Leandro e toda a família vivíamos da plantação de tomate. Hoje todo mundo que mora em Goianápolis ainda vive da plantação de tomate, cenoura, pimentão. Às vezes a pessoa perde no tomate, mas ganha no jiló e vai levando... A vida lá é desse jeito; não é fácil, não. Então, da minha infância, apesar de ter sido uma infância de muito trabalho e muito serviço na lavoura, nas horticulturas, eu tenho boas lembranças, graças a Deus. A nossa saída de Goianápolis para Goiânia foi por causa das dificuldades das lavouras. Minha mãe via eu e o Leandro chegarmos da lavoura cheios de agrotóxicos e ficava com pena. Ela falava: “Olha, vocês não durar até os vinte anos, trinta anos de idade aqui, vocês vão morrer todos dois, a família inteira, porque ninguém agüenta esse tanto de agrotóxico no corpo e vocês têm que parar com isso. Vocês estão trabalhando até hoje e nunca deram conta de comprar nem uma bicicleta”.
A gente andava por dia quinze quilômetros “de a pé” para ir para essa roça, essa horta. Aí o Leandro começou a querer cantar. Foi uma banda de baile lá em Goianápolis fazer um baile de formatura e o pessoal da festa pediu para o pessoal do conjunto deixar o Leandro cantar. Ele subiu no palco e cantou uma música. Dali começamos a cantar numa boate em Goiânia, chamada “Canta Viola”. Só que realmente não era uma boate; era um bordel. Eu lembro que quebravam o pau toda noite lá. Era uma brigalhada e copo pra cá, facadinha pra lá, não repare não, esses lugares são assim mesmo. A gente se escondia no banheiro, na cozinha, depois voltava a cantar. Então, realmente, o começo foi muito difícil, mas foi muito gostoso. Nós pegamos até quando estourou a dupla Chitãozinho & Xororó, de 1981 para 82, com “Fio de cabelo”. A gente cantava o repertório deles inteiro, né? O povo estava apaixonado por Chitãozinho & Xororó, e a gente seguia o que o povo pedia. Mato Grosso & Matias, Milionário & Zé Rico...

O NOME DA DUPLA
Esse nome, Leandro & Leonardo, apareceu em 1982 ou 83. Foi quando eu trabalhava numa farmácia e o meu patrão era vereador. Então ele tinha um motorista e esse motorista um dia chegou lá e falou: “Ô, Emival...” O meu nome verdadeiro é Emival, né? Isso é uma vergonha, mas é esse o meu nome. Aí ele chegou lá e falou: “Olha, Emival, a minha irmã teve gêmeos, cara, a coisa mais linda do mundo, e vão se chamar Leandro e Leonardo”. E eu falei, ah, Leandro e Leonardo... Então, está bom... Aí trabalhei o dia inteiro na farmácia, limpando vidro, limpando banheiro, chão. Eu trabalhava na farmácia, mas era para limpar as coisas, não era para vender remédio, não. O primeiro remédio que eu vendi, a velhinha quase foi pro beleléu.

OS PRIMEIROS CACHÊS
Eu me lembro de um dia em que o telefone tocou. Era um final de semana e a gente estava sem show. O telefone tocou na sexta-feira, era um amigo nosso lá de Brasília que se chama Adonai. Ele ligou, eu atendi e ele disse: “Ô, Leonardo, está tudo bom? Vocês têm show nesse final de semana?” Eu falei que não tinha, não, aí ele falou: “O Sílvio está aí? Deixa eu falar com ele”. Eu me lembro que o Sílvio pegou o telefone e o Adonai perguntou quanto custava o nosso cachê. Aí o Sílvio falou: “Uai, quanto você dá? Fala aí, quanto você tem?” Dei um pé na orelha do Sílvio e disse: Ai, Sílvio, não é assim que vende show, cara. Fala que custa tanto, para descer um pouquinho, chegar no meio, ali, né? Só sei que ele fechou até bem. Acho que na época o cara tinha uns dez contos para dar para nós e acabou dando uns três só. E nós ainda tivemos que rodar uns seiscentos quilômetros de carro.
O primeiro cachê, eu me lembro, foi na Agropecuária de Goiânia, quando nós fomos cantar para a Tele Goiás, não, para a CELG. Eu me lembro que nós pedimos um cachê meio alto e eles pagaram o cachê. Na época era duzentos reais, naquela época duzentos cruzeiros, que hoje nem sei quanto vale, né? Nós pegamos o dinheiro e a primeira coisa que fizemos foi comprar um telefone, porque a gente usava o telefone da minha irmã e ela era muito brava, xingava a gente, não deixava nós usarmos o telefone, não dava recado... Então nós estivemos na beirinha de passar fome porque ela não dava recado. Mas aí nós compramos o telefone, que era 261662... Aí começou a melhorar o trem, rapaz! Telefone em casa, mais chique um pouquinho, porque já viu, né, lá na roça quem tem telefone é dono da verdade.

EM SÃO PAULO
Quando nós viemos para São Paulo eu fiquei no Hotel Saturno, ali perto da Estação da Luz. Tinha o Geraldo e o seu Chiquinho, que eram duas pessoas maravilhosas. Eu e o Leandro conseguimos chamar a atenção dos dois pelo nosso jeito de ser, pelo nosso carinho com as pessoas, então a gente ficava três dias e ia embora, depois voltava, porque não tínhamos dinheiro para pagar o hotel. Eles ficaram tão amigos da gente que falavam para deixar para depois, diziam que podíamos ficar mais uma semana. Então, o comecinho foi bem ali mesmo.

Dentro daquele hotel nós começamos a conviver com artistas. Víamos ali o Tião Carreiro, o Trio Parada Dura; o Praiense até passou uma música na época pra gente gravar. Apareceu o César Augusto lá e também o maestro Otávio Bastos. Então parece que a coisa estava predestinada, né? A gente estava entrando num caminho bom e toda vez que eu mais o Leandro pegávamos o violão para cantar vinha um monte de gente ouvir a gente cantar, falavam que tínhamos um estilo diferente, chegavam a comentar que tínhamos o estilo dos Filhos de Goiás, que foram grandes nomes do cenário da música sertaneja, que a gente cantava chorado, emocionava, e não sei o que mais, um monte de coisas assim.

Um dia eu estava lá na roça, colhendo arroz, eu e o Leandro carregando aquelas gajobas de arroz... Não sei se você já ouviu falar nisso. Você vem com a corda e vai colocando o arroz cortado de cutelo em cima, amarra e sai com aquilo nas costas, parecendo aquele povo lá da África que carrega aqueles cestos na cabeça, sabe? Aí, bem, nós estávamos lá colhendo esse arroz quando a minha irmã foi e atravessou o rio numa canoínha e falou: “Oh, tem telefonema de São Paulo para vocês, o pessoal da gravadora 3M quer lançar o disco de vocês e a passagem já está aí para vocês irem”. Já tinha até passagem de avião. Joguei o arroz no chão e falei: Fica aí, inferno, quem gosta de arroz é caruncho. E vazei, né?

OS DISCOS
Olha, a primeira música foi “Sublime renúncia”, que a gente toca lá no interior. A chance de gravar um disco surgiu depois das cantorias nas boates, onde sempre pintavam empresários. Pintou o doutor Ildemar, que é um ortopedista, e ele falou: “Gente, vocês não querem gravar um disco?” Aí eu, pô, quem não quer gravar um disco, né? Qual o artista que não quer? Eu falei: O nosso sonho é gravar um disco, né... Aí ele perguntou quanto custava para gravar um disco. Eu chutei um valor e ele falou que patrocinava. Isso foi numa sexta-feira e ele falou que na segunda já era para nós irmos para São Paulo. Lá procuramos o Romildo, que hoje é empresário das Mineirinhas. Ele nos deu uma força muito grande. O primeiro disco que nós gravamos foi o disco “Contradições”, que tem “Sublime renúncia”. O disco ficou muito bem gravado e esse doutor Ildemar foi quem patrocinou tudo. Ele estava em Goiânia, a gente ligava e ele passava o dinheiro para nossa conta lá em São Paulo. A gente ia bancando os músicos, bancando tudo. O César Augusto já começou com a gente nessa época, fizemos amizade com o César e gravamos três ou quatro músicas dele no disco.

Aí veio o segundo disco. É disco mesmo, né? O CD veio mais pra frente um pouco. Pintou uma música muito boa do Zezé di Camargo. A gente era companheiro de gravadora, aliás, assinamos contrato no mesmo dia, na mesma mesa, na mesma hora. A gravadora 3M nessa época só tinha uma mesa lá no meio e um som para ouvir as fitas. Estava começando com o grande Moacir Machado, que Deus o tenha, Janjão, o Quintanilha, Genildo... Tinha muita gente boa lá, conhecida da música sertaneja de modo geral, e a gente assinou contrato ali, junto. Naquela convivência, eu, o Zezé... Nós sempre tivemos uma amizade muito grande e ele passou uma música pra gente. Ele falou assim: “Olha, essa música eu vou passar para o Amado Batista gravar”. Ele cantou e eu falei assim: Ô, você podia passar essa música para mim! Ele cantou umas três vezes e eu escrevi a música no papel, aí ensaiei e já levei para o estúdio. Chamei ele lá um dia e disse: Vem ver a música que eu gravei aqui. Ele foi lá e a música já estava pronta. Ele falou: “Você não tem jeito ehn? Deixa a música aí”. Foi o sucesso do disco. Era “Solidão”.

Eu conheci Chitãozinho e Xororó em 1989, depois que a gente tinha estourado com “Entre tapas e beijos”. Foi aí que a gente começou a se cruzar nos bastidores dos programas de televisão. Foi muito bom. Eu aprendi muito com Chitãozinho & Xororó.

A gente sempre teve um carinho muito grande com a imprensa e com os fãs. Então eu acho que isso faz com que o artista cresça no cenário musical.

Indo de Goiânia para Rio Verde, depois de Santa Helena tem uma cidadezinha chamada Santo Antônio não sei das quantas e o apelido é Pito. Eu e o Leandro fomos fazer um show lá, na inauguração da rodoviária, na beira da rodovia. Naquela época não tinha camarim. Nós ficamos dentro do nosso carrinho “véio”, um corcelzinho 2, “véio”, que nós tínhamos. Aí apareceu o Newton Lamas na janela do carro, bateu e disse que tinha uma música muito boa para nós gravarmos. Eu falei: Ah, é? Ele falou: “Eu vou cantar só o refrão”. E cantou “Entre tapas e beijos...” Eu já abaixei o vidro mais um pouquinho, né? Eu falei assim: Você está com a fita aí? Ele falou que não, que tinha acabado de fazer a música naquele dia. Eu olhei para o Leandro e falei: Essa música vai ser sucesso! Leandro falou assim: “É, essa música é boa mesmo!” Aí o Lamas falou: “Olha, que dia desta semana vocês vão estar gravando lá em São Paulo? Eu vou lá levar”. Eu disse: Não, eu vou pegar na sua casa agora. Aí ele falou que era longe, mas eu falei que não era, que eu ia lá. Pegamos o carro depois do show e fomos lá em Rio Verde. Fizemos ele gravar num gravadorzinho pica-pau que ele tinha lá, trouxemos e a música explodiu.

Nós gravamos o terceiro disco. A música de trabalho foi uma do Zezé di Camargo que se chamava “Quem será essa mulher”. Começamos a trabalhar, fizemos muitos programas de televisão, o Bolinha dava uma força grande pra gente e saímos fazendo divulgação pelo interior de São Paulo. Chegamos a São José do Rio Preto, que é o celeiro da música sertaneja, todo mundo sabe disso. Tivemos ali uma imprensa maravilhosa que nos acolheu com muito carinho. Fomos a um programa de auditório, eu e o Leandro, e eu vi três duplas amadoras cantando “Entre tapas e beijos”. E nós estávamos trabalhando “Quem será essa mulher”. Aí eu falei: Esse negócio não está errado, Leandro? O povo cantando daqui, ensaiando de cá, cantando de lá, rapaz, esse trem está errado. Vamos ligar para a gravadora. Ligamos e falamos que o trem estava errado, que a música que estava estourada no interior de São Paulo era “Entre tapas e beijos”. Então os caras falaram para nós cantarmos esta, mas também continuarmos cantando “Quem será essa mulher”. Nisso já pintou uma versão, “É por você que canto”, no mesmo disco. Nós estávamos descendo para Brasília, fazendo Campinas, Ribeirão Preto, Araraquara, São José do Rio Preto, Frutal, Uberlândia, Uberaba, Araguari, Caldas Novas, Goiânia até Brasília, de carro, divulgando o disco, e quando chegamos em Uberlândia ficamos três dias no Hotel Samambaia. Foi quando um dia eu peguei uma infecção de garganta. Eu desci assim, meio com febre, isso eram umas seis horas da manhã, a gente ia para o primeiro programa de rádio. Eu falei: Leandro, acho que não vou agüentar trabalhar hoje não, estou com febre, a garganta está doendo e já não dei conta de tomar nem suco. Não passava. Dormi com o ar condicionado ligado... E ele falou: “Pode ficar que eu vou sozinho”. Eu fiquei ouvindo as rádios da região. Cheguei a ouvir a música “Entre tapas e beijos”, dezoito vezes em uma hora.

Chegou um fax de São Paulo para Uberlândia, para o hotel, onde estava escrito que a gravadora 3 M agradecia muito o trabalho da dupla Leandro & Leonardo num período de três anos de convivência com a gravadora, mas que infelizmente, pela falta de incentivo à cultura, a gravadora estava fechando e a gente estava dispensado. Aí já fiquei triste pra caramba, acabou o trabalho ali. Nós pegamos um ônibus na rodoviária de Uberlândia. O ônibus saía às cinco horas da tarde e nós formos para lá ao meio-dia. Eu sentei bem em frente ao relógio e fiquei olhando até dar cinco horas da tarde, só de raiva. Eu disse: Não saio daqui desse banco enquanto não chegar cinco horas para irmos embora. Aí, quando chegamos em Goiânia, no outro dia, o telefone tocou. Era o Genildo, da gravadora. Ele falou que a gravadora Continental havia comprado o cast da gravadora 3 M por causa de nós, da Sula Miranda e do Gilliard. Eu falei: Ah, que bom, então quer dizer que agora nós somos da Chantecler, da Continental? Ele falou: “Vocês pertencem à Continental agora. Aí eu desliguei o telefone e fiz uma festa, né? No gênero sertanejo a Continental era a melhor que tinha no país. Eu falei: Leandro, nós somos da gravadora do Milionário e Zé Rico, meu filho, não tem pra ninguém agora! Aí começou a chegar carta do Nordeste, falando que a música estava estourada por lá. No Rio de Janeiro, então, a música “Entre tapas e beijos” havia virado um “pipoco”. Até que eles pediram pra gente fazer o “Globo de Ouro” com essa música. Eu falei: Gente, mas, Globo de Ouro? Até semana passada eu estava desempregado e sem gravadora. É, Leandro, nós... Agora estão chamando a gente pra fazer “Globo de Ouro”! Mas “deferençou” muito, né? Que coisa boa!

Nosso quarto CD foi um estouro. Muita gente apostava que a gente não ia repetir o sucesso do disco de “Entre tapas e beijos”, porque eu ouvia muitos críticos falando, gente invejosa falando que aquilo era um “aborto da natureza”... O povo fala, né? Nunca mais vai acontecer. Aí a capa do nosso disco era feia demais, rapaz, era uma capa branca e no meio tinha uma bola desse tamanho parecendo um túmulo, a minha cara e a do Leandro lá no meio. Teve um compositor que eu não vou falar o nome que pegou a capa e falou: “Olha aqui a capa, a foto já é do túmulo, já morreu, isso aqui não dá mais nada”. Aí, de repente, veio “Pense em mim”. Já com uma estrutura maior fizemos uma bela capa. Fomos felizes, fizemos a capa em Sorocaba e começamos a trabalhar a música “Cadê você”, que é uma regravação de Odair José. De repente estourou “Pense em mim”, “Talismã”, “O cheiro da maçã”, estourou tudo, né? “Só fazendo amor”... O disco inteiro. Chegamos a três milhões de discos vendidos e graças a Deus foi um recorde de vendagem do Leandro & Leonardo e acho que da música sertaneja.

Falando de “Pense em mim”, essa todo mundo conhece, inclusive lá fora ela estourou em espanhol. Então, devido a esse sucesso de “Pense em mim” em espanhol e de “Temporal de amor” e outras músicas, nós tivemos alguns convites para participar de shows na Venezuela, em Caracas, e de programas de final de ano também. Fizemos também shows no Chile, onde participamos do Festival de Viña Del Mar, o festival mais importante da América Latina. Fomos contratados mesmo, com cachê, com banda e tudo. Ganhamos um cachezinho legal lá, porque o disco estava muito bem, chegamos a vender duzentos mil discos, muita coisa.

O quinto disco Leandro & Leonardo foi peso pesado também, veio com muitos sucessos, incluindo “Paz na cama” e “Não olhe assim”. Rapaz, teve muito sucesso, como “Gostoso sentimento”, teve uma porrada de sucesso também, teve “Não aprendi a dizer adeus”. O disco chegou a vender dois milhões e duzentas mil cópias pela força de “Pense em mim”, que veio trazendo tudo.

A AMIZADE COM ZEZÉ DI CAMARGO
Eu e o Zezé, nós temos uma amizade muito boa, já antiga. Eu sempre ouvia uma dupla que tinha lá em Goiás, chamada Zazá & Zezé, de que eu gostava muito. Eu saí de Goianápolis, eu mais o Leandro, inclusive para cantar nos festivais também músicas do Zazá & Zezé, que a gente interpretava muito bem. Ganhamos um festival cantando músicas deles. Na época o prêmio era a gravação de um disco, prometido pela gravadora, mas não sei porque não gravou nada. O povo falava para processarmos eles, mas aí eu falei: Mas que processo, eu nem sei o que é processo, vou processar pra quê? Nunca, nem conversamos sobre o disco.

Eu saí atrás dos shows do Zezé no interior, nas campanhas políticas. Eles iam cantar em Goiânia e eu ia atrás, nos bairros, para ver. O Zezé tocava acordeon, toca até hoje muito bem. Eu e o Zezé temos uma ligação muito grande por causa do irmão dele que se chamava Emival, que é o meu nome verdadeiro, e era parceiro de dupla dele e morreu num acidente. Zezé também é um cara batalhador, tem que tirar o chapéu pra ele.

NA ESTRADA
Teve uma vez lá em Anápolis, num show de política, que “Entre tapas e beijos” estava estourada, tinha gente demais na praça, e nós fomos cantar em cima de um caminhão. Não tinha palco, era um “perrengue” danado, de som, de palco, de luz. Hoje, graças a Deus, mudou muito. Lembro que o baterista não tinha banquinho. Ele ficava sentado na lateral do caminhão, e o povo ficava mexendo com ele lá. O show rolando e ele olhava para gente... Aí tinha que parar o show e falar: Olha, se vocês não pararem de mexer com o meu baterista, aí, não vai ter jeito não. Aí botaram os policiais lá atrás e o povo parou de sacanear o coitado. Uma fã pulou no Leandro lá e o Leandro sempre foi meio... Como é que fala? Depois que fez sucesso ele ficou mais tímido, ele era terrível no começo. Ele chamou os seguranças e eles não vieram. Rapaz, elas quebraram o dedinho dele. O Leandro ficou bravo um mês, com o dedo torto, inchado, não podia encostar nada que esse dedo dele doía. Foi uma parte engraçada, eu ficava rindo dele. Ele ficou chateado a noite inteira e reclamando daquele dedo, grosso e inchado.

NASHVILLE
Bom, gente, estamos aqui, bem longe do Brasil, em Nashville, pra gente conhecer hoje um pouco da história dessa cidade e apresentar pra vocês o terceiro episódio do Showcase. Bom, gente, nós estamos aqui na Broadway. Não é a Broadway de Nova Iorque, mas é a mais importante avenida de Nashville, pra mim é a mais importante, porque eu estou aqui, agora, nesse momento em que estamos no Bar Jacks, comendo aquele churrasco maravilhoso.


Só Deus sabe, né! Docinho! Não tem nada igual ao churrasco aí do Brasil, não, viu, gente. Mas fazer o quê? Não tem tu vai tu mesmo, né? Vamos lá!

Nesta foto está o Elvis Presley. Esse aqui eu conheço, e muito, né? O mundo conhece Elvis Presley. Ele é o rei do rock, todo mundo hoje ainda chora a falta do rei. Esse aqui é o churrasco, viu, galera? Olha aí que maravilha, essa carne não deram pra nós lá não, venham ver, venham ver a sacanagem! Essa carne nós não comemos, não. Olha aqui que carne, olha que maravilhosa! Aqui nós temos vagem, feijão verde, feijão de corda, uma carne que sobrou do almoço e eles jogaram ali dentro, desfiada, feijão com caramelo, docinho, não precisa nem de sobremesa. Ali tem um negócio parecendo macarrão, parecendo ovo, como é que fala, ovo, sei lá, ovo... Do lado de cá tem negócio que parece jiló, parece batata, parece tomate cozido. Bom, gente, então é o seguinte, eu cheguei em Nashville ainda há pouco, estou um pouco com sono ainda, mas, já viu, me trouxeram para almoçar nesse restaurante, que é tradicional aqui em Nashville, onde já vi as fotos, aí na parede, de alguns grandes ídolos, como Elvis Presley, Roy Rogers e outros bastante famosos. Aqui no restaurante Jacks, eu vim para comer um churrasco e vocês aí do Brasil, quando vierem pra cá, não venham pensando que o churrasco é bom, igual ao nosso aí, não, porque não é não, viu, gente? Aqui tudo é doce, viu? Não precisa nem de sobremesa. Aqui só vem só o churrasco, sobremesa não precisa, o churrasco já vem com doce caramelizado e uma asinhas de frango em cima. Menino, parece asa de urubu, desse tamaniquinho, oh. E o povo ainda vem falar pra mim que o Elvis Presley comia isso, o Roy Rogers... Comia o caramba! Que comia isso! Nem eu que sou mais bobo só comi uma asinha e larguei fora.

É com muito pesar que eu estou querendo pôr esse dólar aqui pra eles, porque o dólar está igual ao real, é um por um, é um dólar por um par de real, o trem tá feio, né? Taí, vamos lá, vamos lá.


Vem ver o carrinho em que eu estou andando aqui em Nashville, aqui, ó, mas é só bobagem também. Chegando lá no Brasil tem que cair na realidade, pegar aquele carrinho mais velho pra ir para o show. Essa Limousine aqui eu estou querendo levar para o Brasil, mas dá um trabalho danado para levar. É maravilhosa!


Pois é, mas para quem nasceu lá em Goiás, lá em Goianápolis, e saiu de lá corrido, de carroça, hoje estar andando aqui em Nashville de Limousine, o trem “deferençou” muito, não é, gente? Vocês hão de convir comigo. Estou muito feliz de estar aqui, visitando aqui essa cidade maravilhosa, a cidade mais country dos Estados Unidos. O “miserê” passou por aqui também, não tem uísque, nem água, nem chá mate, não tem nada aqui dentro também. O povo acha que a gente não bebe nada, mas tá beleza, estou gostando demais daqui de Nashville.

Caros amigos do Showcase, agora nós viemos comprar botina. O chifre é só lá em cima, aqui, por enquanto, ainda não nasceu, não. Vamos lá comprar. Disseram que é para mostrar o que está na promoção. Vamos mostrar, o que é que tem? Promoção existe por todo o lado do mundo, vamos lá, vamos lá. Essa aqui é a bota mais cara que tem. Acho que custa o quê? Tem o preço? Seiscentos dólares. Couro de jacaré lá do Pantanal. Eles matam lá por debaixo do pano e trazem para fazer botina aqui, acabando como nosso jacaré. Brincadeira, hein, gente. Eu quero comprar uma dessa aqui, para mim, essa é maciazinha, né? Bom, gente, o que vocês acham de mim, de paletó de cowboy, chapéu de Kart Brook, botina do Alan Jackson e sapato do Leonardo? Não está bom?


O HOTEL
Bom, gente, então nessa viagem aqui a Nashville é a oportunidade de conhecer aqui uma mini cidade, uma cidadezinha com umas casinhas como vocês podem ver aí, uma ruazinha meio deserta, coisa linda. Aqui passa o rio Mississipi ou missisapo, como quiserem. Tem um peixe muito grande. Só vou revelar uma coisa pra vocês: Na madrugada de hoje nós pegamos umas varinhas de bambu, umas linhas 020 e ficamos pescando as carpas aqui, mas a linha arrebentou e não deu para pegar nada. Mas na verdade mesmo, isso aqui é um hotel com 3900 apartamentos. É uma loucura, é o maior hotel sem cassino do mundo. É uma maravilha, eu estou espantado com tudo isso aqui, de ver a estrutura! Isso aqui é do dono da CMT, que é o canal que toca música country pro mundo inteiro. Esse riacho aqui é um riacho comum, como qualquer outro, só que aqui em Nashville ele funciona como a fonte dos desejos. Estou vendo que está cheio de moeda lá no fundo. Se não fosse de tão pouco valor eu ia dar um mergulho e pegar um pouco para mim. Mas eu estou aqui para jogar uma moedinha também, para ver se eu realizo alguns desejos, né? O primeiro é que a CMT continue com essa programação maravilhosa, tocando esses clips maravilhosos.


Agora vamos aproveitar que já estamos aqui perto do porto aqui no riacho do Mississipi e vamos conhecer, dar uma volta de barco para gente conhecer ainda mais o hotel da CMT. O barco é da CMT, é tudo da CMT e do Showcase, está bom? Vamos lá? O barquinho está ali, ó, mostra o barquinho ali, olha ali a situação dele... Já passaram muitos artistas aqui. Aqui nesse riozinho dentro do hotel tem águas de oitocentos e cinqüenta rios de todo o mundo. Pegaram na garrafinha de Jack Daniels e jogaram aqui dentro, então aqui tem água do rio São Francisco, do rio Amazonas, do Rio Negro, do rio Araguaia, do rio Tietê, do rio Pinheiros, entendeu? A água realmente é limpa. Daqui a pouco, antes de chegar o final da viagem, eu vou dar um mergulho aí. Deve ter um gostinho de uísque aí, né?

HALL OF FAME
Bom, gente, agora nós vamos entrar no museu de música country, country music, o hall da fama. Tem de tudo aí, os artistas antigos da música country, como começou há cem anos atrás e tem também os artistas atuais que estão fazendo o maior sucesso. Aqui tem o carrinho que Brooks & Dunn deixaram aqui no museu. Vocês podem ver aqui no piso, tem o nome dos artistas. Lá dentro do museu é que realmente está o mais importante e nós vamos lá ver, ok? Vamos lá.

Esse violão aqui é da Marbell Carter, olha a voz dela de fundo, “nhá, nhô, nhein, nhi, nhon... Não viu o dilúvio e pisou na lama essa mulher, viu? E largou o violão dela aí, viu? Tem uma foto ali. Mas não era um trio, duas mulheres e um homem? Tem ali, acho que o homem está segurando as duas para não cair, né? Certo? Era família, viu? Era família Carter. O marido, a mulher, os meninos, o papagaio, todo mundo aí, maravilha realmente. A história da música country aqui é muito forte e aqui nesta sala está a fotografia em bronze de todos os famosos da música country. Olha, 1975, 1984, de 1912 esta aqui! Jesus Cristo! Olhe, estão todos os famosos da música country aqui em fotografias feitas em bronze.

Aqui está o piano do Elvis Presley, acho que é a coisa mais importante desse museu da música country. O piano é todo em ouro 24 quilates e dois que mordem. Só não levaram daqui ainda porque o povo não dá conta de carregar, se não já tinha ido. Maravilhoso!


Aqui está a roupa do Alan Jackson, essa calça rasgada. Ele caiu no cascalho com ela e é a mesma roupa que ele está usando no clip, aqui esquiando, né? Olha, vocês podem ver o Alan Jackson. Eu vou gravar daqui a pouco com ele, tá bom?

Essa aqui é a roupa do cantor George Straights, que é cantor e artista. É a roupa que ele usou no filme “Poor Country”, uma roupa bonita, maravilhosa. Está o banjo, o violão, violãozinho antigo, rapaz!

Aqui o vestido muito chique de uma cantora country. Eu estive no show dela em Houston, ela é gente fina, nos atendeu no camarim após o show, gente maravilhosa. Vestido chique, roupa chique a da cantora Riba MacTile.

Aqui estão as guitarras, os violões que o pessoal doa para o museu aqui em Nashville. Tanta coisa maravilhosa! Esse aqui é o carro do Elvis Presley, o Cadillac que foi feito sob encomenda para ele, bonito, grande, parece uma Limousine. Naquele tempo lá já tinha televisão dentro, frigobar, telefone... Brincadeira!

RIAMOND AUDITHORIUM
Disseram que pode entrar. Vamos lá ver como é que é... Olha, essa casa aqui é o templo da música country. Como eu estava falando antes, onde já passaram grandes nomes da música country e onde passam ainda hoje. Olha que teatro maravilhoso, uma acústica maravilhosa! Daqui a pouco vai ter um show lá em baixo, show de um cantor chamado Leonardo, lá do Brasil, tá? Fera, vocês vão ver.


Pois é, gente, aqui nessa casa de show... Como é que chama? É Riamond. Por aqui já passaram grandes nomes da música country, como Willie Nelson. Quem mais que vocês falaram aí, ehn? Elvis Presley! E agora eu estou aqui para realizar um grande sonho meu de cantar para vocês do Showcase, que estão curtindo aí em casa. Tá bom? A casa está vazia, entramos pelos fundos... Vou cantar uma música bem antiga. O Augusto disse que era para eu cantar “Deu medo” mas eu não vou cantar, não. É que eu sou muito teimoso e vou cantar essa aqui, ó, bem antiga mesmo, tudo aqui é antigo, tem que cantar música antiga. (cantou “Pense em mim”). Bom, gente, agora eu vou mostrar para vocês onde o maior cantor do mundo cantou, esse palco em que eu acabei de cantar agora. Vou mostrar para vocês a fera que é aqui. Quer ver? Não estou mentindo. Eu minto, mas às vezes falo a verdade. Aqui, ó, realmente foi assim, uma emoção muito grande pisar em um palco em que o Elvis Presley pisou e muita gente famosa pisou. Vou pisar, é lógico.

PROJETO COM ALAN JACKSON
Olha, a emoção de cantar com um artista como Alan Jackson, sabemos que é um dos maiores nomes da música country, é muito grande, e esse projeto já passava pela nossa cabeça há três anos atrás, quando a gente estava em outra gravadora, mas infelizmente só ficou no projeto. Depois, com a nossa vinda para a BMG, foi que conseguimos manter contato com Alan Jackson. O sonho do meu irmão Leandro era gravar com ele. Leandro tirava até umas fotos imitando Alan Jackson e infelizmente o meu irmão não pode estar aqui com a gente, mas eu vim cumprir e realizar o sonho do Leandro & Leonardo, aqui, junto com o Alan Jackson. É uma emoção muito grande, porque sabemos que vai dar uma repercussão muito grande. Este estúdio é onde foram gravados os maiores sucessos do meu amigo inesquecível Elvinho. Elvinho é o Elvis Presley, e hoje estou aqui, no meu sexto dia em Nashville, e estou assim realizando meu sonho de gravar com um dos maiores cantores da música country americana, que é o Alan Jackson. A música já está pronta, é “Meu grito de amor”.


Eu sou fã do Alan Jackson desde pequeno, desde pequenininho que eu tenho os discos dele... Lá no Brasil, o Brasil inteiro é fã do Alan Jackson e do pessoal da música country, e a experiência de ter vindo a Nashville para gravar com ele foi a melhor possível do mundo e eu estou até emocionado demais e vou até dar um abraço nele. Estou emocionadíssimo e com certeza vamos fazer aqui o maior sucesso. Vamos formar uma dupla no Brasil, Alan Jackson e Leonardo, ok? (Leonardo dá um beijo no cantor americano) Agora, fala para ele que eu não sou “viado”. (todos riem).

OS AMIGOS
Os Amigos vêm de muito tempo. O Xororó mais o Leandro não faziam parte dessa turma, porque são pessoas mais sérias, né? Eu acho, né? Aí, depois foi que pintou a idéia entre o Zezé, o Leandro e o Chitão de fazer o show Amigos. Fizemos aí um projeto pequeno, juntamente com os três escritórios, para apresentar para uma emissora de televisão. Nisso o Aloísio Legey viu primeiro e falou: “Não, eu vou levar para a Globo primeiro, se eles quiserem a gente faz isso aqui maior, uma coisa mais monstruosa”. Aí levou, a Globo aceitou e fizemos. Já estamos aí para gravar o quinto “Amigos”. Já está aí, também, aos domingos, o “Amigos & Amigos”, graças a Deus o maior sucesso. A gente fica feliz por poder estar junto. Somos muito unidos. Eles iam lá pra casa, lá em Guapó, interior de Goiás, passar fim-de-ano, e vice-versa. Eu ia para a casa do Zezé, para a casa do Chitão, então a gente sempre cantava ali. Quem fosse dormir primeiro a gente levantava fazendo serenata. Eu me lembro do dia em que o Zezé foi dormir primeiro porque a Zilu deu um puxão de orelha nele e botou ele para dormir, lá na suíte, lá no meu quarto. Eu peguei e falei: Chitão, vamos acordar o Zezé. Aí ele falou: “Pega o violão aí”. Peguei o violão e começamos a cantar na porta do quarto dele. Isso era por volta das cinco horas da manhã. Era final de ano, só festa. Aí, no segundo verso da música “Sessenta dias apaixonado” o Chitão fazia mais ou menos o violão, eu fazia a base. O Zezé levantou só de cueca, com a sanfona no peito, e já mandou o som lá de dentro. Rapaz, a mulher dele atrás dele com um cabide querendo dar na orelha dele e falando: “Vai dormir, menino”. Aí ele falou assim: “Não! Agora eu vou pôr roupa e vou levantar de novo”. E nós só ali, no som. Tem muita brincadeira quando eu encontro esse grupo, os amigos, muito futebol, muito jet ski, muita cervejinha, porque ninguém é de ferro, né, meu “fio”? Só trabalhar não tem jeito, né? Rapaz, é muito bom, muita piada, muita música, muita coisa sadia, graças a Deus.

DOENÇA DO LEANDRO
Ele estava sentindo uma dor no braço direito, mas ele alegava para mim que era de ter ficado das seis da tarde às quatro da manhã pescando, jogando aqueles molinetes pesados, e alegava que era por causa dos molinetes e não sei o que mais. Tinha dia que ele falava: “Hoje não está doendo, não. Eu hoje estou legal, dor nenhuma, passei um remédio ontem, estou legal”. Gravamos o disco inteirinho na maior alegria, foi a maior festa aquele disco, aquele repertório, todo mundo apostando que ia arrebentar. Parece que estava uma coisa já avisando, mostrando pra gente...


UM SONHADOR
Esse último CD, que foi o último CD da dupla Leandro & Leonardo, é um CD que vai marcar a minha vida para sempre. Foi a perda do meu irmão, uma partida tão prematura, inesperada, uma coisa muito rápida. Nós tínhamos começado o ano de 98 muito bem, com muitos shows, com muita alegria por estarmos numa gravadora nova, como a BMG, dando uma força muito grande. O presidente da BMG havia dito para mim e para o Leandro, num show nosso no Rio, no Metropolitan: “Olha, uma dupla como vocês, com a popularidade de vocês, com uma música dessa de vocês tocando no rádio, música que era “Essas mulheres”, eu corto o meu pescoço se eu não vender um milhão e meio, dois milhões de discos com uma música dessa.Vocês vão ver, eu vou provar para vocês no disco que vocês forem gravar”. Nós conseguimos também nesse disco uma vendagem muito grande, chegamos a três milhões novamente, que é uma coisa inédita no país. A gente fica feliz de ter podido ajudar instituições de caridade como o Hospital do Câncer de Barretos, com a porcentagem de vendagem do disco. Nós chegamos a doar quase dois milhões de reais para as entidades daqui de São Paulo, de que eu não me lembro o nome agora. Foram três instituições. Ano passado nós, os Amigos, fizemos um show em Barretos, que a bilheteria foi doada também para o Hospital do Câncer de Barretos, do Henrique Prata. Conseguimos arrecadar quase um milhão de reais. Eu fico feliz de poder fazer o pouco que eu posso e fico feliz pelos meus amigos também, o Zezé, o Luciano, o Chitãozinho e o Xororó, Rick e Renner, o Só Pra Contrariar, que são uma potência, são gente de coração e que ajudam nesse tipo de causa.

OS ÚLTIMOS SHOWS DE LEANDRO & LEONARDO
O Leandro fez um show legal. Na volta nós viemos de carro e estava a minha família inteira, minha mãe, meus familiares, primos, todo mundo junto. Na volta para São Paulo ele comentou que no começo do show achou que teria que pegar uma cadeira para sentar, mas depois que esquentou o corpo, esquentou tudo, ele estava legal, estava bem. Então, o último show foi em Bragança Paulista, logo depois de termos terminado de gravar o disco. Começamos os shows já no mês de abril e o primeiro show foi em Araxá, onde fomos eu, ele e o doutor Limírio, nosso amigo de Goiânia, que foi para o show com a gente. Chegando em Araxá, ele sentiu uma dor muito forte nas costas, antes do show. O doutor Limírio falou assim: “Você quer que eu te aplique um Voltarém?” Ele quis e então o doutor Limírio aplicou nele o Voltarém e ele disse que sarou a dor. Fizemos o show e no final ele chegou no hotel e falou para mim que estava com um pouco de falta de ar. Para mim, eu pensei que fosse uma pneumonia que ele tinha pego no Rio, na friagem, e ficou por aquilo mesmo. Aí, depois, num show aqui em Cotia, depois do show a gente foi para a casa do dono de uma emissora de rádio e ficamos lá até tarde. Depois eu fui dormir e ele disse que sentiu uma dor e uma tonteira. Tinha um doutor lá e ele disse: “Você não quer ir lá em Cotia fazer uma radiografia?” E o Leandro foi. Ele ficou meio tonto e ficou achando estranho. Ele foi e quando voltou o doutor me chamou e falou: “Olha, Leonardo, eu tirei uma radiografia do pulmão de teu irmão e apareceram umas manchas aqui, olhe. E a mancha é grande, não é coisa boa, eu acho”. Aí eu já fiquei assim, meio cabisbaixo, já fui lá conversar com ele, que estava na cozinha tomando café. Ele falou: “Eu estou bem, não está doendo, não tenho nada”. Aí eu falei para ele: Mas, e aquelas manchas no seu pulmão, ehn, cara? É cigarro, né? Você tem que parar de fumar. Ele falou: “Não, eu não estou fumando quase nada”. Aí eu falei: Amanhã, então, nós vamos lá para São Paulo. Aí viemos e ele já fez um monte de exames, uma bateria de exames muito grande e já ficou internado em observação. Dali foi descobrindo tudo, o que era, já deram o nome da doença. Tumor de Askin, né, é o nome desse tumor. Um médico, não sei que médico, falou para outros amigos nossos que o Leandro ia ter sessenta dias de vida só. Mas, aí, eu vi esse médico, amigo do Leandro, chorando muito né... E a minha família e eu mais tranqüilo, eu sem saber de nada. Para mim eles não disseram. Realmente aquilo foi se agravando cada vez mais, aquelas baterias de quimioterapia que eu tive a infelicidade de ver, de acompanhar o meu irmão, eu via que aquilo, cada vez que você toma aquela porcaria, vai cada vez mais matando a pessoa. Então já comecei a dizer, só Deus mesmo para ele sair dessa. Engraçado é que depois ele saiu dessa segunda bateria de quimioterapia e estava bom pra caramba. Liguei para ele de Cuiabá e ele falou: “Eu estou bem, Leo, hoje é o dia em que eu estou melhor. Se tivesse um show mais por perto eu até ia cantar com você hoje”. Aí, quando foi à tarde ele teve a parada respiratória, que para mim ali já tinha acabado tudo.

A CARREIRA SOLO
Os fãs me abraçaram muito forte depois da ida do meu irmão, então eu acho que hoje os fãs estão muito mais comigo do que antes com Leandro & Leonardo, pelo fato do que aconteceu, da ida prematura do meu irmão. Eu acho que eles me trouxeram um carinho muito grande, estão tendo um carinho muito grande comigo, com a minha família, e dando uma resposta muito grande nos discos e nos shows. Eu fico muito agradecido.

NOVO CD / NOVO SHOW
É difícil, é difícil a escolha de repertório. Foi muito difícil para mim, porque escolhi basicamente sozinho, assim, com César Augusto, Sérgio Bittencourt, Jorge Davidson, mas a palavra final é a minha, né? Eles falavam: “Olha, estamos escolhendo, mas é você quem fala se é sim ou não”. Para mim foi muito difícil, porque o Leandro fazia essa parte de ouvir música. Tem dia que eu passo a noite inteira, até na madrugada, ouvindo músicas, para não perder o sucesso. Você às vezes deixa de ouvir uma fita e talvez você esteja deixando de ouvir um grande sucesso. Então, eu ouvi todas as fitas, cheguei a ouvir mais de mil e trezentas músicas para a gente chegar aí nessas quinze que estão acabando de serem gravadas agora. Nesse novo CD tem uma versão do Eros Ramazzotti, que é “Será”, versão que o José Augusto fez, em que eu acredito muito. Tem música do Cecílio Nena, que é muito bonita, tem música do Allessandro, meu irmão, do César Augusto tem umas quatro músicas, muita coisa boa, graças a Deus. E o projeto é trabalhar muito, muito, muito mesmo, trabalhar cada vez mais. Nós estivemos em Las Vegas, onde a gente vê shows maravilhosos. Chegamos a ver nove shows em Houston. Estou trazendo grandes novidades para o meu show, que vamos estrear agora. Não sei a casa onde vai ser, mas com certeza será um grande espetáculo, incluindo os grande sucessos de Leandro & Leonardo e desse disco novo que eu estou gravando sozinho. Vamos fazer uma grande festa, um grande show.

JOGO RÁPIDO / INTIMIDADE
Nome: Emival Eterno Costa
Idade:35 anos
Signo: Leão
Número: 38
Perfume: Azzaro
Cor:verde
Esporte: futebol
Uma paixão: música
Prato predileto:cheio
Bebida: cerveja, geladinha!
Lugar dos sonhos: Brasil
Cantor: José Augusto
Cantora: Mariza Monte
Como foi participar do Showcase: Tem muita gente que acha que a gente já pegou o sucesso aí, já chegou arrebentando, mas já ralamos bastante e esse programa dá a oportunidade de você falar realmente, falar e lembrar das coisas que você passou há dez anos atrás e até hoje e a gente pode contar o que vai ser daqui pra frente. Fico muito agradecido a vocês. Muito obrigado.


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